Fonte: O Globo
O número de usuários de crack e drogas similares nas 26 capitais e no Distrito Federal era de 370 mil pessoas no ano passado, o equivalente a 0,81% da população. A estimativa foi divulgada ontem pelos ministérios da Justiça e da Saúde, no maior levantamento do gênero já realizado no país. Desses usuários de crack ou outras formas de cocaína fumada, como-pasta base, merla e oxi, 320 mil eram adultos e 50 mil, adolescentes e crianças.
As capitais da Região Nordeste concentravam a maior proporção e o maior número absoluto de usuários de crack e similares: 148 mil pessoas ou mais de 1,2% do total de habitantes dessas capitais. Os dados dizem respeito a usuários regulares, que consumiram a droga ao longo de pelo menos 25 dias, nos seis meses anteriores ao levantamento. A pesquisa foi realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De março a dezembro de 2012, 24,9 mil pessoas foram entrevistadas. Além de crack e seus similares, a Fiocruz estimou o número de consumidores de drogas ilícitas, à exceção de maconha, nas capitais.
O resultado indica que 1.035.000 pessoas faziam uso de drogas ilícitas, o equivalente a 2,28% da população. Logo, os consumidores de crack e similares correspondiam a 35% do total de usuários de drogas ilícitas nas capitais e no DF, à exceção da maconha.
Esse percentual varia por região. Nas capitais do Sul, os consumidores de crack e similares correspondiam a mais da metade (52%) dos usuários de drogas ilícitas. Nas capitais do Nordeste, 43%; e, nas do Sudeste, 32%.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que a pesquisa é a maior já realizada no mundo e melhora o diagnóstico do problema, chamando a atenção para a concentração de usuários no Nordeste e o envolvimento de crianças e adolescentes. Segundo o ministro, o governo fará ajustes no programa “Crack, é possível vencer”, lançado em dezembro de 2011 pela presidente Dil-ma Rousseff:
— Sempre houve muita especulação sobre esses números. A pesquisa agora coloca as coisas no lugar. Temos que fazer ajustes, não alterações de rota.
No Sudeste, onde a disseminação de cracolândias chocou o país nos últimos anos, as capitais tinham o segundo maior número absoluto de usuários (113 mil), mas a menor taxa entre o total da população (pouco mais de 0,5%).
“Ao contrário da percepção do senso comum, as estimativas de proporção de usuários de crack e/ou similares não são mais elevadas na Região Sudeste, onde, entretanto, o consumo em locais públicos é bastante mais visível devido à magnitude das suas metrópoles e o tamanho expressivo das grandes cenas de uso conhecidas como cracolândias” conclui a pesquisa.
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