Fonte: Correio Braziliense
A presidente Dilma Rousseff, como era esperado, adotou um tom crítico ao abordar, durante discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), a questão da espionagem dos Estados Unidos a ela e a outros cidadãos. A chefe da nação já havia adiado visita de Estado a Washington para se encontrar com o colega Barack Obama. A alegação foi que os americanos não deram respostas aos questionamentos do Palácio do Planalto em relação ao monitoramento feito pela agência de segurança dos EUA. É cedo para avaliar se, do ponto de vista político e diplomático, a presidente agiu certo.
Entretanto, o episódio revelou que o nosso país necessita de legislação mais rígida sobre o tema. Parece que os governos não atentaram, nos últimos anos, para a área da cibernética. Apenas alguns setores da administração, como as Forças Armadas, se tocaram que o assunto é de extrema relevância. Na ONU, Dilma avisou que o Palácio do Planalto vai apresentar projetos para a criação de um marco civil para o uso da internet. Ela quer usar o mecanismo com neutralidade e não como arma de guerra.
A presidente tem razão, mas isso era para ter sido feito antes, assim como acertar o setor de inteligência do governo, o que ajudaria impedir a espionagem. Para se ter uma ideia, desde o fim de 2010, está no Palácio do Planalto, para ser regulamentada, a Política Nacional de Inteligência, que definirá os rumos do setor. Pode não ser o único caminho para evitar ações como a espionagem, mas já é um passo que o Brasil está demorando a adotar. Além disso, é preciso profissionalizar e valorizar os órgãos que cuidam do tema.
O país é hoje uma das grande potências mundiais. Por isso, não pode ficar devendo em algumas áreas, como a inteligência e a cibernética. Se não tomarmos providências, investindo nesses setores, seremos sempre alvos de todos os tipos de ações, inclusive da espionagem. Entretanto, se tivermos uma política no setor para nos apoiar, haverá chances de nos antecipar, adotando medidas preventivas. Porém, nada justifica atos que atentem à soberania do país.
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