Fonte: O Globo
Para coronel, site do grupo traz “táticas de desobediência agressiva”
A imagem de um manifestante mascarado arremessando um buquê de flores contra um alvo imaginário— imortalizada pelo grafiteiro Banksy — ilustra a capa de uma espécie de manual de enfren-tamento durante as manifestações, que têm culminado em confronto entre baderneiros e a Polícia Militar. As orientações sobre como se portar, se proteger contra os efeitos do gás lacrimogêneo e do spray de pimenta e cobrir tatuagens, a fim de dificultar a identificação, estão em uma página do grupo Anonymous na rede social. E causam polemica.
A ministra Maria do Rosário, da secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, acha que o “manual” pode passar a ideia de que o grupo quer o confronto com a polícia.
— Isso é provocar o pior cenário. A situação ideal é que a policia não use nenhum armamento. Mas, para isso, sabemos que o contraponto é não existir provocações.
Não queremos que a polícia dê o primeiro passo para um cenário de violência, mas é preciso não haver provocações — disse Maria do Rosário, que ontem se reuniu ontem com o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.
Milton Correa da Costa, coronel da reserva da PM, entendeu o texto, intitulado “Princípios Básicos da Resistência Pacífica”, como difusão de táticas de “desobediência agressiva”:
— A meu ver, o conteúdo da página comprova que estamos diante de uma organização criminosa, que ensina e difunde, via internet, táticas e técnicas de desobediência agressiva, que resultam em vandalismo contra as ações da polícia para a restauração da ordem pública. Uma i perigosa difusão de práticas de guerrilha e terrorismo urbano e de afronta ao poder constituído. Um crime virtual, cujos autores e responsáveis têm que ser identificados e punidos na forma da lei.
As orientações incluem o uso de “Blusa para cobrir tatuagens e para proteger de estilhaços de bombas” bem como de “tênis ou botas para correr”
— Isso na realidade são instrumentos para se prevenir na hora de combater. O que ele§ vão fazer lá (nas ruas)? Qual a finalidade? Aproveitam a manifestação pacífica dos professores, por exemplo, para fazer baderna — disse Wladimir Reale, presidente da Associação de Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio.
Entre os comentários no site do Anonymous, um intemauta diz que não é “humanamente possível ficar apanhando calado” Mas ressalta: “Quebrando tudo, nós acabamos justificando atitudes cada vez mais agressivas e autoritárias por parte do Estado. E se levarmos essa luta às ultimas consequências, perderemos. Precisamos usar o cérebro.”
Há, porém, quem pense de outra forma. “Reação pacífica é para defuntos em potencial. Pois a PM massacrará todos os pacifistas. Duvidam? Então, paguem pra ver.”
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