Fonte: Diário do Nordeste
A problemática da segurança pública, no País, há muito agravada, está merecendo debate em profundidade e seu enfrentamento numa moldura mais ampla, de modo a contar com a colaboração de vários outros segmentos sociais para a busca das saídas reclamadas pelo tamanho de sua relevância. Isso, o quanto antes.
Atribuir-se ao aparelho policial-militar dos Estados o equacionamento desses problemas, agravados, a cada dia, como único meio de pôr cobro à violência urbana é enxergá-lo apenas parcialmente. A força repressora – é verdade – constitui o meio legal para combater as ações marginais, reprimir o crime e desmantelar os grupos envolvidos na prática de furtos e roubos, de modo rotineiro, à luz do dia.
Além dessas rotinas, há também o exercício da Polícia Judiciária, imprescindível às instruções dos feitos em tramitação na esfera do Poder Judiciário. Como se observa, o leque de atribuições é vasto, mas nem assim consegue enfrentar os outros ângulos da questão, situados em outras políticas, como a educação, a qualificação para o trabalho, o bem-estar social e o emprego.
Numa cidade cheia de desigualdades, como Fortaleza, o envolvimento da juventude com o crime, as drogas e a desordem social, cada vez mais acentuada, não se resolve apenas com repressão policial. Nos chamados territórios conflituados há necessidade de intervenção de uma força-tarefa, levando àquelas áreas a presença do Estado, de forma permanente e capaz de modificar o ambiente.
Essas áreas estão mapeadas, dimensionadas e bem identificadas. Elas necessitam do controle social, pela Segurança Pública, mas aliada à oferta de escolas profissionalizantes de tempo integral, de clubes sociais para habituar a juventude com as práticas de sociabilidade, do envolvimento das família com seus filhos em ambiente distante da violência.
A ocupação, não há dúvida, eliminaria grande parte do tempo ocioso dedicado ao consumo de drogas, às guerras de gangues, às cenas de bangue-bangue nas quais aparecem adolescentes de 12, 13 anos portando armas de grosso calibre. Além desse suporte preventivo, há necessidade também de se recorrer aos grupos voltados para a divulgação das crenças religiosas, de tal modo a difundir entre os jovens em formação a noção do sagrado, dos valores morais e da paz.
O Ceará acaba de incorporar às fileiras da Polícia Militar mais de mil novos soldados, depois de cursos específicos de adestramento. Seu emprego na via pública começa a sinalizar, em parte, a presença do poder público em defesa do cidadão. Nessa linha de mudanças virão ainda novas equipes do Raio, Choque e do Cotam, reconhecidos por seu poder de eficiência e resolução.
Pesquisa do Ipece identificou os bairros mais violentos de Fortaleza. Eles são 20 num universo de 119. Coincidentemente, nos 20 se registram os maiores índices de população jovem, as menores taxas de alfabetização, de maior pobreza e menor renda per capita. Pelas informações da Secretaria de Segurança, nessas 20 comunidades foram registradas, em 2012, 784 assassinatos (48,25%) de um total de 1.625 em toda a Capital.
Analistas debruçados sobre a violência, em Fortaleza, são unânimes em apontar a ausência de políticas públicas como fator preponderante para aumento dos índices de criminalidade. O Estado dispõe de meios e de infraestrutura capazes de modificar a vida econômica e sociais desses guetos onde a juventude está morrendo mais cedo, em razão da violência incontida. É só querer mudar.
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