Fonte: Correio Braziliense
MP instaura procedimento de coleta de informações para verificar se terreno da Academia da PF está comprometido pelo chumbo de balas. Empresa que iria fazer a reforma diz que o local não tinha habite-se
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) instalou ontem um procedimento para averiguar as irregularidades nos estandes de tiro da Academia Nacional de Polícia (ANP), da Polícia Federal, no Taquari. O problema teria ocorrido por falta de manejo adequado das balas disparadas contra barrancos que servem de anteparo. A cada curso de formação profissional, de acordo com um relatório da própria PF, os barrancos recebem cerca de 5,6 toneladas de chumbo. O procedimento do MPDFT, chamado “Notícia de Fato”, foi instaurado na 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (1ª Prodema), a pedido da promotora Luciana Bertini.
O procedimento, que pode dar início à instauração de um inquérito, será conduzido pelo promotor César Augusto Nardelli até que o titular da promotoria, Roberto Carlos Batista, volte de uma licença médica. Procurado, Nardelli preferiu não falar sobre a denúncia. Além da contaminação, os seis estandes do Serviço de Armamento e Tiro (SAT) também oferecem riscos à vizinhança por causa da falta de proteção contra disparos acidentais. Durante os treinamentos, a PF utiliza fuzis, cujas balas atingem alvos a até 3,5 mil metros de distância. Em três estandes, os disparos são feitos na direção de chácaras que ficam a apenas 200 metros dos barrancos.
A tentativa de reforma dos estandes de tiro da ANP, em 2010, mostrada ontem pelo Correio, não foi a primeira a fracassar. A academia manteve, entre 2008 e 2009, contrato semelhante com a empresa Mettroquattro Arquitetura Tecnologia Ltda, que também foi cancelado. A empresa diz ter formulado um projeto de reforma do SAT, que acabou rejeitado por causa de exigências da fiscalização. “O responsável pela fiscalização do contrato entendia muito pouco de engenharia, e ficou buscando pequenos detalhes técnicos para inviabilizar o trabalho. Mas o projeto foi entregue, poderia perfeitamente ser aplicado”, assegura o engenheiro José Valdez, diretor da Mettroquattro.
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