Fonte: G1
O delegado da Polícia Federal (PF) em Lages, na Serra catarinense, José Elói Werner Júnior, responsável pela delegacia que confeccionou passaporte do condenado pelo mensalão Henrique Pizzolato, falou pela primeira vez sobre o caso na tarde desta sexta-feira (7). Ele disse que não houve má-fé na emissão do documento do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil. O delegado também descartou a abertura de uma sindicância em Lages sobre o caso, já que a Superintendência Regional de Florianópolis iniciou uma investigação sobre o assunto.
Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão, Pizzolato era considerado foragido da Justiça brasileira desde novembro do ano passado, até esta quarta-feira (5) quando foi detido na Itália. Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) o consideraram culpado pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. O comandante da polícia da província de Modena, Carlo Carrozzo, afirmou ao G1 que a prisão do ex-dirigente do Banco do Brasil foi motivada por um mandado de prisão internacional.
Pizzolatto entrou no país europeu com passaporte em nome do irmão, Celso Pizzolato, morto em 1978, expedido em Santa Catarina. “Ele chegou aqui com os documentos verdadeiros. Apenas os dados eram falsos. Não tinha como a gente perceber, até porque não era necessária a impressão digital”, afirmou José Elói Werner Júnior, que está na delegacia há um ano.
O passaporte de Pizzolato, segundo Werner Júnior, foi solicitado em 17 de janeiro de 2008 e retirado cerca de um mês depois. Na época, eram feitos, em média, 60 documentos por dia. “Naquele ano, era só preencher um formulário e entregar à Polícia Federal. Hoje, o sistema mudou. Todo o processo é feito na delegacia, como impressões digitais, fotos e a assinatura digital”, afirmou.
Segundo o delegado, Lages teria sido a última cidade de Santa Catarina a implantar o novo sistema de emissão de passaportes da Polícia Federal, no qual todas as delegacias são interligadas. De acordo com Werner Júnior, em 2008, qualquer pessoa poderia confeccionar o documento porque não havia cruzamento de dados. “Hoje, ele não faria o passaporte porque iríamos cruzar os dados”, afirmou.
Werner Júnior descarta a possibilidade de abrir uma sindicância ou um inquérito na delegacia da PF em Lages, já que a Superintendência Regional, em Florianópolis, está apurando o caso. “Se houver a necessidade de um pedido da superintendência, nós vamos ouvir os agentes que estavam aqui na época, mas não acredito em má-fé por parte deles”, ressaltou o delegado.
Fuga pela Argentina
Pizzolato fugiu do Brasil pela fronteira com a Argentina, segundo a Polícia Federal. Representantes do órgão informaram que a saída do país ocorreu dois meses antes da prisão do ex diretor de marketing do Banco do Brasil ser decretada, em 15 de novembro de 2013.
Conforme as investigações, Pizzolato deixou Santa Catarina por Dionísio Cerqueira, que faz fronteira com a Argentina. A data provável de ingresso no território do país vizinho é 12 de setembro do ano passado. De lám ele percorreu 1,3 mil quilômetros até Buenos Aires. De lá, embarcou para Barcelona, na Espanha, em um voo da Aerolíneas Argentinas. Da cidade espanhola, segundo os policiais federais, ele seguiu em direção à Itália.
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