Fonte: DIAP
Por Marcos Verlaine
A confirmação, semana passada, da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, atingido por um rojão durante protesto no Rio de Janeiro (RJ), contra aumento de passagens de ônibus, começou a ter importantes desdobramentos no meio político.
Na semana passada, o senador Jorge Viana (PT-AC) defendeu a votação urgente do projeto que tipifica os crimes de terrorismo. “É evidente que nós temos, junto das manifestações (e aí eu faço a diferença), a ação de bandidos, de criminosos. E esses bandidos, esses criminosos, parte deles inclusive mascarada, têm de ser tratados como criminosos, como bandidos. Não é preciso esperar que eles matem. Uma pessoa que vai para uma manifestação mascarada, com artefatos, com pólvora, com bomba na mão, tem que ser preventivamente presa”, disse Viana em discurso no plenário do Senado.
A ampla comoção e a repercussão provocadas pela morte de Santiago Andrade criou uma forte pressão da imprensa contra os chamados black blocs. Não foi a primeira morte em manifestações como dizem alguns, mas desta vez aconteceu com um profissional da imprensa. Daí, os meios de comunicação, que contraditoriamente tem estimulado essas manifestações deu seu recado indignado, que agora serve de forte apelo contra tais manifestações.
Apesar da iniciativa de Jorge Viana, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirmou, também na semana passada, que o Projeto de Lei Antiterrorismo deve começar a ser discutido, mas em seguida deve sair da pauta. Segundo Costa, a ideia é buscar um texto de consenso, antes de levar o projeto à votação.
Como o Palácio do Planalto teme que durante a Copa do Mundo se repitam os protestos de junho do ano passado, que provocaram uma queda vertiginosa da popularidade da presidente Dilma Rousseff, a discussão desse projeto pode ser utilizada pelo PT para estigmatizar novas manifestações.
Temor do Planalto
As manifestações pacíficas não são temidas. Mas o Planalto teme novos atos de vandalismo em função da infiltração de grupos extremistas nos protestos pacíficos (conforme ocorreu em junho de 2013), o que elevaria o clima de insegurança nas ruas e levaria a mídia a criar uma pauta negativa no período da Copa.
Assim, a discussão do Projeto de Lei Antiterrorismo poderá ser “retida” pelo Senado para que o governo disponha de uma resposta à opinião pública, caso ocorram novos atos de vandalismo durante o maior evento esportivo de futebol do planeta.
Por trás disso, há a preocupação do Planalto de evitar o surgimento de pautas negativas que possam provocar abalos no atual favoritismo de Dilma.
Os esperados protestos de rua durante a Copa podem, no entanto, sofrer um esvaziamento. Setores importantes da classe média com perfil mais conservador tendem a “repensar” sua participação nas manifestações por temerem atos de violência patrocinados por grupos extremistas interessados em fabricar um ambiente de insegurança.
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