Fonte: Tribuna da Bahia
A abertura do Carnaval começou mais cedo este ano, mas no circuito na Barra, nada de animação. Puxados por uma fanfarra, o “Bloco do Enxuga Gelo” partiu do Farol em direção ao Cristo, às 10 horas, onde policiais federais protestaram contra o sucateamento da instituição que, segundo eles, está atrapalhando a atuação e os resultados à sociedade.
Eles pararam por dois dias (25 e 26), mantendo apenas os serviços essenciais à população, como emissão de passaportes, fiscalização e atendimento à imigração. Na manifestação realizada ontem até o meio-dia, os policiais distribuíram panfletos e protestaram contra da falta de infraestrutura, e também reclamaram da questão salarial.
Eles afirmam que a categoria está há sete anos sem recomposição salarial, o que tem causado o aumento do abandono da carreira de policial federal. De acordo com o Sindicato dos Policiais Federais, este número chega a 220 por ano. Entre os problemas apontados pelo SindiPol estão a inexistência de um núcleo de policiamento marítimo e de uma aeronave para combater o cultivo de drogas no estado.
Com apenas 280 policiais para atuar em todo o estado, a Polícia Federal também conta com o reforço do efetivo com a contratação de terceirizados para atuar na parte de imigração. Esta é a segunda manifestação realizada pela categoria só este mês. No último dia 11, em apoio ao movimento nacional, eles paralisaram as atividades e ocuparam a área de embarque e desembarque do Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães.
Números oficiais
De acordo com diretor financeiro do sindicato, o agente Eduardo Marques, nos últimos sete anos, a quantidade de indiciamentos na Polícia Federal caiu cerca de 61%. Na Bahia, a redução de produtividade foi maior, chegando a quase 77%. “Não são números registrados por nós do sindicato. São dados da própria Polícia Federal, solicitados por nós através da lei de acesso à informação”, explicou o sindicalista.
Segundo ele, esta queda de produtividade é reflexo tanto da insatisfação dos policiais quanto da falta de infraestrutura para executar o trabalho. Outro dado apresentado pelo sindicato foi a diminuição de indiciamentos dos crimes relacionados ao tráfico de drogas, que teve redução de aproximadamente 40% em 2013, comparado com 2010, no Brasil. Na Bahia, este número, na mesma comparação, foi para -63,78%.
Apesar dos números, um dos principais prejuízos, segundo Marques, é o enfraquecimento aos crimes de “colarinho branco”. “Nós estamos impedidos de elaborar ações mais contundentes contra a corrupção no país, por conta do sucateamento da instituição”, finalizou Marques.
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