Fonte: Blog do Servidor
Policiais federais de todo o país paralisam mais uma vez as atividades, ao longo de todo o dia, nesta terça-feira. As sucessivas greves, da única categoria que não aceitou o reajuste de 15,8%, em três parcelas, estaria, segundo boatos, incomodando o governo. O mal-estar teria causado uma reação articulada entre o Ministério da Justiça e o do Planejamento para calar os protestos: baixar a exigência para acesso à Polícia Federal, com o intuito de reduzir o impacto no orçamento com a folha de salários, e banir as propostas de reestruturação de carreira e recomposição inflacionária. A estratégia seria passar a estabelecer escolaridade de segundo grau em concursos para cargos de agentes, escrivães e papiloscopistas. E colocar em extinção os atuais cargos, com servidores de nível superior.
O ardil foi denunciado por um técnico do governo e confirmado pelo presidente do Sindicato dos Policiais Federais (Sindipol-DF), Flavio Werneck. “Isso chegou a ser ventilado, sim. E em tom de ameaça. Nos assustou. Seria o cúmulo do absurdo em um governo democrático. Estamos com salários congelados desde 2006. Temos direito de reivindicar”, destacou Werneck. Após a greve de 70 dias, em 2012, os policiais prepararam vários protestos criativos: usaram mordaça, fizeram algemaço, desfilaram com elefantes brancos e deitados em uma maca, para demonstrar que a Polícia Federal está enferma.
Hoje, Dia Mundial de Combate ao Câncer, os agentes farão a quarta manifestação de 24 horas, com o enterro simbólico da segurança pública em frente às superintendências da PF no país. Segundo a Federação Nacional dos Policiais (Fenapef), “a data foi escolhida pois a burocracia e a falta de investimentos são os grandes cânceres das polícias brasileiras”. Por isso, é importante chamar a atenção da sociedade e do governo para o sucateamento da PF e denunciar ingerência e interferência políticas em investigações, além dos cinco anos sem reajuste salarial e da falta de pessoal e equipamentos.
“Fomos chamados, na sexta-feira (4), pelo Planejamento. Nada avançou. O governo insiste nos 15,8%”, contou Werneck. Em Brasília, os servidores se concentram em frente ao Edifício Sede da PF, às 9 horas. Às 14 horas, participam de debate na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, sobre combate às drogas nas fronteiras e reestruturação da PF – plenário 15 da Câmara. As assessorias de imprensa do Planejamento e da PF informaram apenas que a criação de um novo cargo de nível médio “não procede”. O Ministério da Justiça, até o horário do fechamento, ainda estava “verificando sobre o possível projeto, com as áreas técnicas”.
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