Fonte: Agência Fenapef
No dia em que Felipão anunciou os convocados da Seleção Brasileira, os policiais federais honraram a camisa e atenderam à convocação de ir às ruas. Com máscaras, vendas nos olhos e até mordaças, agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal mostraram toda a sua indignação diante das autoridades que fingem não enxergar a crise institucional no órgão.
A categoria exige a compensação das perdas inflacionárias, resultado de um congelamento salarial que já completou cinco anos. E pleiteia um debate democrático pela reestruturação da carreira e modernização do atual modelo de gestão das polícias, considerado burocrático e ineficiente. Para os policiais, o processo de desmonte da Polícia Federal está refletido no aumento da corrupção e da quantidade de entorpecentes que chegam no Brasil.
A mobilização ocorreu simultaneamente em várias cidades do País, nas capitais e no interior. Foram mantidos os serviços essenciais e foi estabelecida a diretriz de não prejudicar a população.
No Rio de Janeiro, o protesto foi em frente ao espaço Viva Rio, durante a convocação da Seleção Brasileira. Usando camisetas pretas, os policiais levaram faixas e um elefante branco inflável em tamanho real. Apesar da grande mobilização, o serviço prestado à população não foi prejudicado. “Queremos mostrar que nossa luta é justa e que precisamos de mudanças para melhorar a segurança pública”, disse o presidente em exercício do SSDPF/RJ, André Vaz de Mello.
No Rio Grande do Sul, 13 delegacias aderiram ao movimento. A concentração dos manifestantes ocorreu na sede da superintendência regional. Mais uma vez, eles levaram um elefante branco inflável. Os agentes também usaram faixas pretas como mordaças, em protesto contra as perseguições contra sindicalistas.
No Mato Grosso, além das mobilizações nas delegacias do interior, os policiais se reuniram em frente ao diretório estadual do PT, no Centro de Cuiabá, no período da tarde. Foi entregue um ofício que contém um histórico das negociações com o Governo que se arrastam há anos.
A estratégia dos federais do Mato Grosso do Sul foi a conscientização da população. Eles conversarem com motoristas e pedestres no centro da cidade para repassarem informações sobre a PEC 51, que propõe mudanças estruturais no sistema policial brasileiro, entre elas: a desmilitarização da Polícia Militar, criação de carreiras únicas nas polícias, ciclo completo de trabalho policial e a especialização e aproveitamento das guardas municipais.
Na Região Nordeste, houve protesto em quase todos os estados. Em São Luís, no Maranhão, a concentração foi em frente à superintendência da PF. Em Natal, Rio Grande do Norte, os grevistas usaram vendas nos olhos e realizaram uma carreta com o desfile do grande elefante branco inflável, considerado o símbolo do movimento, contra a burocracia da Polícia Federal.
Em Aracaju, Sergipe, não foi diferente. Quem passou pela frente do prédio da PF se deparou com um grande elefante branco. Em Maceió, Alagoas, foi montada uma tenda. Os agentes também levaram faixas com frases de protesto. Em Fortaleza, no Ceará, apenas 30% do efetivo permaneceu trabalhando.
Em Teresina, Piauí, os agentes usaram mordaça como forma de protesto contra uma portaria que proíbe a realização de manifestações nas dependências da Superintendência. O Presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Piauí, Luiz Alberto da Silva, alerta que, se resolverem até a copa do mundo, eles pretendem voltar à rotina normal de trabalho. “A Polícia Federal em situação caótica e a nossa reclamação é o baixo efetivo que não é suficiente para atender a demanda do Estado. Mas acredito que está próximo de uma negociação”, alertou.
Em Recife, Pernambuco, houve um ato público. O objetivo foi chamar a atenção para o abandono em que o governo federal deixou a categoria. Entre os pontos citados estão as fronteiras desamparadas, aeroportos vulneráveis, burocracia do sistema, interferências políticas nas investigações, queda de produtividade, insatisfação dos servidores e índices alarmantes de doenças e suicídios.
Em Belém, no Pará, os agentes também aderiram ao movimento. Em Brasília, não foi diferente. Dezenas de agentes federais realizaram uma passeata até o Ministério da Justiça, na tentativa de sensibilizar as autoridades para a crise da Polícia Federal.
Em Minas Gerais, a mobilização aconteceu na terça-feira, e ocorreu na cidade histórica de Ouro Preto. Policiais federais acompanharam a chegada do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que participou do encerramento da reunião da Comissão de Veneza, para discutir o papel da justiça na proteção de direitos econômicos e sociais em tempos de crise econômica.
Em São Paulo, não houve paralisação, pois os sindicatos das grandes capitais estão realizando o planejamento em outras datas, geralmente envolvendo as agendas dos grandes eventos, em abordagens consideradas mais estratégicas.
Mais uma vez, os policiais federais mostraram a sua força e não desanimaram diante dos obstáculos. A caminhada é longa, mas assim como em um jogo de futebol, vence aquele que tem melhor estratégia e paciência para saber o momento exato de aproveitar as oportunidades e fazer o gol.
Afinal, a vitória significa a justa correção das perdas inflacionárias, e o reconhecimento legal das atribuições já exercidas em prol da sociedade.
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