Fonte: G1
Grupo marchou pela Esplanada e entregou carta de reivindicações.
Para ministro da Justiça, governo consegue garantir a lei e a ordem no país.
O objetivo inicial dos participantes era fazer a entrega ao ministro José Eduardo Cardozo, que não se encontrava no local. Criticando a alta da criminalidade e a sensação de insegurança, o grupo pede a elaboração de políticas públicas na área e a rediscussão do Estatuto da Criança e do Adolescente. De acordo com a Polícia Militar, o ato reuniu cerca de 600 pessoas de diversos estados (veja imagens).
A passeata seguiu até a Praça dos Três Poderes e retornou para o gramada do Congresso, em frente ao Palácio da Justiça.
O protesto desta quarta integrou a mobilização nacional das categorias, que culminou em paralisações em vários estados e do Distrito Federal.
Grupo marcha na direção Congresso Nacional em ato por valorização das carreiras de seguranaça pública (Foto: Luiza Facchina/G1)
Em Brasília, por exemplo, até a meia-noite estão suspensas as investigações e os registros de ocorrências – exceto em caso de crimes violentos, como estupros, homicídios e sequestros-relâmpagos. Diretor do sindicato da categoria, Luciano Garrido disse que apenas 30% dos 6 mil policiais civis trabalham no período.
As categorias pedem ainda pedem melhores condições de infraestrutura, segurança e o nivelamento do salário dos policiais em todo o Brasil. O ministro da Justiça afirmou que a reivindicação não pode trazer transtornos, prejuízos e violência para a sociedade. Ele disse ainda que, se necessário, o governo tem condições de garantir a lei e a ordem em todo o território nacional.
“Os policiais que servem a lei e a Constituição sabem que a greve está proibida por decisões do Supremo [Tribunal Federal]. Em segundo lugar, não creio que nenhum brasileiro e nenhuma brasileira queira que a sociedade pague a conta de um processo que tem de ser de diálogo e de reivindicação. Caso ocorra, podemos perfeitamente encaminhar a Força Nacional de Segurança Pública e as Forças Armadas para garantir a lei e a ordem, porque a Constituição nos autoriza. A população brasileira deve ficar tranquila”, disse Cardozo.
Segurança na Copa
De acordo com o presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Polícia Civil, Jânio Gandra, a categoria quer participar da discussão de um novo conceito de segurança pública no Brasil. “O modelo de segurança para a Copa não vai deixar legado para o nosso país. O modelo que temos hoje em dia já está falido”, afirmou Gandra.
Os representantes dos sindicatos e associações foram recebidos por um representante do Ministério da Justiça e informaram que não pretendem fazer greve durante a Copa. “Nós vamos mostrar que somos importantes e vamos trabalhar muito para garantir a segurança no evento, mas depois do Mundial a segurança vai ser a mesma para os brasileiros”, disse.
Segundo o presidente do sindicato da Polícia Federal do DF, Flávio Werneck, o Brasil foi responsável por mais de 10% dos homicídios que aconteceram no mundo em 2013. “No ano passado morreram 58 mil assassinados [no Brasil]. No mundo foram 400 mil. Isso não é segurança pública”, afirmou Werneck. O presidente confirmou que os policiais federais não parar durante a Copa.
“Nós temos nosso direito constitucional de nos manifestar. Então, durante o evento, existe sim a possibilidade de nos manifestarmos. Quando um ministro fala que os policiais não têm direito de se manifestar, isso começa a me preocupar porque começa com a gente, depois são os servidores públicos e quem sabe ao final nós estamos migrando para uma situação mais complicada de ditadura”, afirmou Werneck.
Insatisfação
Com 20 anos na corporação, a agente da Polícia Civil do DF Ana Silva diz que antes sentia orgulho do cargo, mas que hoje a situação é diferente. Ela também afirmou que atualmente teme revelar às pessoas onde trabalha, pelos riscos inerentes à profissão.
“A gente está passando aperto. Temos que comprar nossa própria munição, equipamentos de segurança. [Eu] Me sinto desamparada, principalmente considerando a função de um policial, que garante a ordem à sociedade.”
“A política de hoje está sucateando a polícia. Nós estamos sentindo na pele toda insegurança que a população sente. Nós temos família como todo mundo. Tive que tirar minhas filhas da escola particular, tenho que fazer jornada dupla, muitas vezes tripla, pra conseguir manter minha família”, afirma a agente da Polícia Federal Rosália Faria.
Ela afirma que as mulheres estão desistindo de exercer a profissão. Segundo Rosália, as policiais estão “completamente desestimuladas”. “Nós, agentes, papiloscopistas e escrivães, merecemos respeito. É exigido ensino superior pra gente, mas nosso salário é de nível médio.”
“Apesar de eu gostar muito da minha profissão, a falta de reconhecimento gera muita frustração”, afirmou um policial rodoviário que prefere não se identificar.
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