Fonte: G1
Ciops tem banco de dados com números de onde partem as comunicações.
Média de ligações feitas ao Ciops por mês chega a 175 mil.
O trote telefônico, quando efetuado para um serviço de emergência, sai de uma brincadeira mal-intencionada e passa a ser considerado crime, que, segundo o artigo 340 do Código Penal, pode dar de um a seis meses de prisão e multa. Mesmo assim, as falsas notificações de crimes correspondem a nada menos que 30% das ligações que são feitas ao Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), órgão da Secretária de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) que coordena o atendimento das polícias Civil, Militar, Corpo de Bombeiros e também do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu).
O delegado Enoque Lemos, diretor do Ciops, ressalta que os trotes são práticas erradas, muita das vezes realizadas por crianças e adolescentes, algo em torno de 70% a 80%, que acham engraçado a situação, mas que acabam prejudicando o serviço das forças envolvidas que precisam se deslocar até o local notificado na ocorrência, mas acabam percebendo que foram enganados e perdendo tempo. “Uma pessoa pode precisar de um atendimento emergencial e a viatura que a atenderia está rodando em um determinado local em busca de um endereço ou de um fato que não existe, ou seja, é um esforço perdido”, afirmou o delegado.
Para tentar identificar os trotes, o delegado explica que o Ciops já tem um banco de dados com vários números de onde geralmente partem as falsas comunicações. Esses aparelhos quase sempre são orelhões e estão localizados perto de escolas. Caso o número não esteja na lista, o trote só é identificado quando a equipe se desloca e chega ao local informado. Entre as situações que mais são notificadas como trotes está o roubo, arrombamentos a residências ou comércio, e agora, nos últimos meses, têm crescido as denúncias de maus-tratos contra crianças.
Um grande problema, segundo o delegado, é a questão da responsabilização do crime, já que, apesar de ser previsto no Código Penal, fica difícil identificar os autores da ocorrência. Por isso, é necessário que haja uma conscientização, por meio de campanhas educativas, da população.
Denúncias
O Disque-Denúncia, serviço da Secretaria de Segurança Pública que recebe denúncias anônimas a respeito de crimes, também sofre com a prática de trotes. De acordo com Márcio Pinto, coordenador adjunto do órgão, desde que foi implantado, o número 3223-5800 já recebeu 30.250 comunicações falsas de crimes, o que corresponde a 13% dos 218.947 atendimentos que foram feitos no mesmo período. Já este ano, dos 23.620 atendimentos, 3.842 foram trotes, uma taxa de 16,26%.
Para o coordenador, o fato de a quantidade de trotes dentro do sistema ser menor do que no Ciops se explica pelo fato de o número do Disque-Denúncia não ser gratuito, além do que, em uma conversa rápida com os interlocutores, as atendentes acabam por identificar a falsa comunicação, que muita das vezes partem de crianças, ou pessoas com algum tipo de deficiência mental.
Comments are closed.