Fonte: ESPN
Manuais recomendando cuidado ao visitar a Praia de Copabacana, no Rio de Janeiro, outros alertando para o risco de sequestros-relâmpagos em Brasília e ainda comparações entre Fortaleza e Bagdá, no Iraque. A falta de segurança do Brasil foi assunto recorrente antes do pontapé inicial da Copa. Para a surpresa geral, no entanto, outro dado surpreende até aqui: o número de crimes menores cometidos por estrangeiros no Mundial.
Segundo informações ainda preliminares recebidas pelo ESPN.com.br, em cidades-sedes como Porto Alegre ele chega a fazer frente até mesmo ao registro de delitos que tiveram brasileiros por trás.
A Polícia Civil da capital gaúcha contava até essa quarta-feira com mais ocorrências com turistas de outros países como autores do que como vítimas: 51 contra 40, respectivamente. No quadro geral a que a reportagem teve acesso, os argentinos, sozinhos, (28) tiveram mais conduções para distrito do que brasileiros (22) no período entre 12 de junho e 2 de julho.
Praticamente todos esses casos são encaminhados para investigação sobre antecedentes criminais no Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI). A estrutura de segurança da Copa em Brasília tem 280 representantes dos 32 países que vieram para a competição, em um trabalho conjunto da Polícia Federal e da Interpol.
O chefe da organização internacional no país, Luiz Eduardo Navajas, admite ter se surpreendido com o cenário presenciado até aqui.
“A surpresa grande que temos até o momento é com a quantidade de crimes menores praticados por estrangeiros, muito mais do que até mesmo imaginávamos antes”, afirma Navajas ao ESPN.com.br.
No momento que atendia a reportagem, o também delegado da Polícia Federal recebia a informação de que três colombianos eram presos pela venda de ingressos falsos nas imediações do Maracanã.
O balanço dos números de casos, no entanto, fica por conta da SESGE (Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos), que reúne todas as forças locais e ocorrências encaminhadas. Procurada, ela informou que ainda não contava com a conta parcial dos registros feitos ao longo da Copa.
Em geral, as principais situações são furtos menores e negociação ilegal de entradas.
A pedido do ESPN.com.br, o CCPI enumerou cinco investigações feitas até aqui envolvendo estrangeiros.
Prisão de traficante mexicano
“No dia 16 de junho foi preso no Rio de Janeiro o traficante mexicano José Diaz-Barajas. Ele era procurado pelas autoridades dos Estados Unidos por tráfico internacional de drogas, na medida em que era um dos principais produtores de metanfetamina em território mexicano. Diaz-Barajas mantinha complexo esquema de aquisição de insumos na Ásia, mediante remessa de pagamentos via países da América Central. A agência anti-narcóticos norte-americada (DEA) recebeu informação de que o traficante poderia vir ao Brasil para acompanhar o jogo Brasil x México pela Copa do Mundo, em Fortaleza. Com a chegada dessa informação ao Centro de Cooperação Policial Internacional, iniciaram-se as investigações visando a confirmação da situação, bem como a localização do alvo no Brasil. Foi também representado ao STF pela expedição de Mandado de Prisão para Extradição, para possibilitar a prisão do indivíduo. Foi constatado que o traficante de fato entrou no Brasil, por Foz do Iguaçu, acompanhado da família, e seguiu em direção ao Rio de Janeiro. Na noite do dia 16, ele foi localizado e preso no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, ao tentar embarcar para Fortaleza para assistir ao jogo. Agora ele aguardará preso o julgamento de seu pedido de extradição, apresentado pelo Governo dos EUA”.
85 chilenos detidos após invasão do Maracanã
“Foi realizada força tarefa no CCPI para processar os nomes e dados pessoais de todos os envolvidos, que foram ouvidos durante toda a madrugada pela Polícia no Rio de Janeiro. Foram obtidos antecedentes criminais de todos, com auxílio dos policiais chilenos no CCPI, e a informação foi repassada para o RJ. Os 85 chilenos foram posteriormente notificados a deixar o Brasil, sob pena de deportação”.
Prisão de chileno em Brasília
“Um cidadão chileno foi preso ao furtar um objeto em uma loja departamentos em Brasília. O caso foi encaminhado à Coordenação Integrada de Comando e Controle Regional no DF – CICCR/DF, criada por ocasião da Copa, e a partir daí a informação chegou ao CCPI. Novamente graças à rápida atuação dos policiais chilenos no Centro, foi verificado que o indivíduo possui três mandados de prisão contra si expedidos pela Justiça chilena. A informação foi prontamente repassada ao Juízo que atuou no flagrante, decretando a prisão preventiva”.
Prisão de cidadão francês no Rio de Janeiro
“Um cidadão francês foi preso pela Polícia Militar do Rio de Janeiro na posse de pequena porção da maconha. Durante a abordagem, ele ofereceu dinheiro aos policiais militares para ser liberado. Foi, então, preso em flagrante delito por corrupção ativa. Conduzido à Polícia Civil, a informação aportou no CCPI, para obtenção de antecedentes. Com auxílio dos policiais franceses no CCPI foi constatado que o tal cidadão tratava-se de um conhecido atleta (nadador) francês, além de ser contratado pela própria polícia francesa. Em seu depoimento ele informou que foi orientado, ainda na França, que caso fosse abordado pela polícia brasileira em razão do consumo de maconha, bastaria oferecer dinheiro aos policiais que tudo se resolveria. Falhou na primeira tentativa”.
Identificação de dois barra bravas no Mineirão
Durante o jogo Argentina x Irã, em 21 de junho, os policiais argentinos da equipe móvel do CCPI que se encontravam no Mineirão junto com a equipe operacional do CCPI em Minas Gerais identificaram, pelo sistema de câmeras do estádio, dois torcedores argentinos conhecidos por serem integrantes do grupo dos barra bravas, a torcida violenta argentina. Os nomes desses dois não constavam da lista de torcedores violentos encaminhada ao Brasil pelas autoridades argentinas, e por isso não foram impedidos de entrar no país no momento da migração. Com o reconhecimento pelos policiais argentinos, ambos foram retirados do estádio no início do jogo e notificados a deixar o Brasil, evitando-se assim maiores problemas no decorrer da partida”.
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