Fonte: Agência Sindipol/DF
Diante de todo o escândalo que culminou na prisão de sete dirigentes da Fifa, nessa quarta-feira, na Suíça, acusados por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, mais uma vez, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pega carona no noticiário. Entre os acusados, está ex-presidente da confederação, José Maria Marin, também mais dois dirigentes e cinco executivos de empresas ligadas ao futebol, de acordo com nota do Departamento de Justiça americano.
Nenhuma novidade! Não é de hoje que os escândalos do mundo do futebol são conhecidos no Brasil. O próprio governo brasileiro já estava por dentro da corrupção da confederação desde o ano de 2001, quando foi lançado relatório da CPI CBF/Nike, abafada e enfraquecida pelas relações políticas e jurídicas da entidade, no País.
Já na época, no mesmo relatório, havia pedido de indiciamento do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e outros 33 dirigentes, empresários e demais envolvidos. A CPI apresentava as mazelas do futebol e a promoção de grandes negócios, com a movimentação e o desaparecimento de milhões de dólares. Porém, nenhum órgão se manifestou diante das recomendações do documento, como o Ministério Público Federal, Banco Central, Polícia Federal, Receita Federal, Câmara e Senado ou Ministério Público dos Estados. Ainda havia suspeitas sobre doações da CBF a campanhas eleitorais, o que poderia ter sofrido sanções do Ministério Público Eleitoral, além do Conselho de Controle de Atividades Financeiras.
No olho do furacão, dando mais incredibilidade e suscitando inúmeras dúvidas em todo processo de investigação, colocando mais questionamentos acerca do porquê da paralisação nas atividades que poderiam comprometer a confederação de futebol, surge a Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF). Essa recebeu da CBF, em 2009, R$ 300 mil como patrocínio ao IV Congresso Nacional da entidade. Entre as relações sugestionáveis, geradoras da parcialidade na resolução do caso, podemos citar que o então superintendente da PF no RJ, portanto responsável pela instauração da investigação contra Ricardo Teixeira, seu regular andamento e lisura, era primeiro tesoureiro da ADPF e um dos presentes no Rio quando da consolidação do apoio da CBF ao evento.
“Pelas informações colhidas pela mídia, temos mais de 14 inquéritos, desde 2001, e todos sem a devida efetividade. Enquanto isso, o dinheiro da CBF era usufruído em eventos e encontros até na Granja Comary, com passagens, translado e hospedagem financiados para os representantes da referida Associação. Para uma investigação isenta e para efetivar as ações que deveriam ter sido realizadas por nós, foi necessária uma investigação de fora do País”, ressalta Flávio Werneck.
O FBI resolveu dar o basta a todo esse processo de corrupção que, segundo relator da CPI instalada na Câmara dos Deputados, em 2000, deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), tem como base o contrato da Nike. Para o parlamentar, desde a ocasião já havia indícios de lavagem de dinheiro.
O grupo indiciado pelos americanos é acusado de envolvimento com propinas de pelo menos US$ 150 milhões (mais de R$ 470 milhões), há pelo menos 24 anos. Para a secretaria de justiça dos Estados Unidos, esse caso de corrupção tem raízes profundas tanto no exterior quanto no próprio país.
A investigação pela polícia americana não leva em conta a origem do dinheiro, se público ou privado. A lavagem do dinheiro é investigada, rigorosamente, como crime grave. O FBI atua, entre outros casos, no combate à corrupção pública, mas também na proteção de direitos civis, contra organizações criminosas nacionais e transnacionais e crimes do colarinho branco.
Agora, fica o questionamento, será que todos os países do quadro abaixo estão errados? Por que a Polícia Federal está sendo permeada por influências políticas? Queremos uma polícia federal nos moldes do FBI!
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