Em 2016, cada hora vôo realizada nos vants custou R$ 1 milhão para os cofres públicos. Os veículos estão empoeirados e parcialmente desmontados em São Miguel do Iguaçu (PR) conforme denúncia realizada pelo SINDIPOL/DF em fevereiro.
Anunciados como símbolos do progresso, os veículos aéreos não tripulados da Polícia Federal, conhecidos como vants, não decolam desde fevereiro de 2016. São 17 meses parados, somados há anos de descaso. O assunto foi relembrado em reportagem do Jornal O Globo desta semana que denuncia a situação dos aviões. Eles estão parcialmente desmontados em São Miguel do Iguaçu (PR), dentro de um hangar e, do lado de fora, a pista de pouso está coberta por mato. É bom lembrar que a época de sua compra, em 2011, no valor de US$ 27,9 milhões, o Governo dizia que se tratava de uma das mais modernas ferramentas contra o crime transnacional.
Em fevereiro deste ano, o Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (SINDIPOL/DF) denunciou à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Tribunal de Contas da União (TCU) a situação dos veículos aéreos na cidade paranaense. O documento também apontava a ausência de pilotos em condições de voar. Entre 2011 e 2016, a PF realizou apenas mil horas de voo, enquanto o projeto inicial indica que eram necessárias mais de 40 mil horas. O último contrato de manutenção das aeronaves custou R$ 35 milhões aos cofres públicos ao tempo que foram realizados apenas 35 horas em 2016. Ou seja, cada hora de voo custou R$ 1 milhão.
Segundo a reportagem d’O Globo, o próprio Departamento admitiu que há orçamento para os vants, mas não houve execução orçamentária. Se o projeto fosse executado em sua plenitude, a PF calcula que seriam R$ 500 milhões anuais. Ainda em resposta a reportagem, a Polícia Federal afirmou que o projeto passará por uma reformulação para que se adeque “aos novos avanços tecnológicos em sistemas de imagem, comunicação em tempo real e georreferenciamento”.
Comissão sem respostas
Em agosto de 2016, a corporação criou uma comissão para estudar o que fazer com os vants. Ao Jornal Correio Braziliense, em fevereiro de 2017, a PF afirmou que a comissão tinha apresentado a sugestão de utilizar os vants como ferramenta de inteligência, operacional e de investigação principalmente na área da Amazônia Legal. Cinco meses depois, não há posicionamento quanto a ideia apresentada em fevereiro.
Na memória, fica a promessa do País comprar até 14 vants para combate ao crime organizado, construção de quatro bases aéreas fixas e duas móveis e treinamento 90 agentes para operar o sistema com foco em informação de inteligência. Os veículos aéreos podem voar 37 horas ininterruptas, possuem um alcance operacional de dois mil quilômetros e atendem todos os requisitos técnicos para voar em todo o espaço aéreo brasileiro.
O presidente do SINDIPOL/DF, Flávio Werneck, lamentou que, mais uma vez, o tema da Segurança Pública tenha sido usado como demagogia enquanto a proteção à sociedade ficou em segundo plano. “Os problemas para que os Vants funcionem decorrem de dificuldades de gestão na própria PF. O projeto faria grande diferença para o monitoramento de fronteiras, o no combate ao tráfico de drogas, armas e pessoas”, explicou.
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