Situação pode afetar até mesmo a Lava Jato e significa caminho livre para ação de corruptos, organizações criminosas e traficantes.
Depois do Governo Federal assumir que o trabalho da Polícia Federal não é a prioridade, com um corte nos recursos da corporação de 44% em 2017, agora assumiu de vez que o desmonte é o principal objetivo. O novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, que ocupou o cargo para ampliar a “ascendência” da pasta sob a Operação Lava Jato, afirmou nesta quinta-feira que a PF não terá dinheiro suficiente para realizar todas as operações e que vai precisar “selecionar as mais importantes”.
A Direção da PF já havia afirmado que os recursos não são suficientes para terminar o segundo semestre, ao tempo que também tomou a decisão de desmontar a força-tarefa da Lava Jato no estado do Paraná. A situação lastimável veio a público depois da interrupção na emissão de passaportes que logo foi resolvida com liberação de cerca de R$ 102 milhões pelo Congresso Nacional.
O Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (SINDIPOL/DF) reforça a opinião emitida pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e manifesta sua repulsa ao discurso construído pelo Governo para justificar o “estrangulamento de importantes operações da PF, incluindo a Lava Jato”. Segundo nota da Fenapef, “o corte nos recursos também significa caminho livre para a ação de corruptos, organizações criminosas e de traficantes”.
Leia a nota da Fenapef na íntegra:
A Federação Nacional dos Policiais Federais recebeu com preocupação, mas não com surpresa, o anúncio de cortes que poderão afetar as investigações conduzidas pelo órgão. A declaração do ministro da Justiça, Torquato Jardim, só cristaliza o que já estava se configurando desde o anúncio da interrupção na emissão de passaportes. A Federação vinha sentindo um movimento na construção de um discurso para justificar o estrangulamento de importantes operações da PF, incluindo a Lava Jato. O fim da força-tarefa, também com ar de medidas administrativas, reforçou as suspeitas.
A Fenapef entende que o corte nos recursos, que já se encontravam no limite, significa deixar o caminho livre para a ação de corruptos, organizações criminosas e de traficantes. O Governo dá mostras de que pretende combater a crise minando a força das suas instituições públicas com novos sacrifícios para o povo brasileiro.
Para a Federação, não se economiza em segurança pública. O barato poderá sair muito mais caro. O que tem que ser feito é otimizar os gastos, evitar desperdícios, dentro de um planejamento de gestão eficiente, algo para o qual a direção geral provou não ter capacidade. Esperamos que o Ministério da Justiça reveja sua postura de contingenciar recursos na PF e busque meios de assegurar o orçamento para um órgão de vital importância para o combate ao crime organizado.
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