O PPC, depois de afrouxar as regras de “batismo” para atingir a meta de 40 mil criminosos filiados; agora está aliciando menores no Estado do Ceará.
Flávio Werneck, presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (SINDIPOL/DF), concedeu entrevista ao Portal UOL. Ele falou sobre essa estratégia do PCC e como isso tem influenciado na crise de Segurança Pública cearense. O estado vive verdadeira guerra.
“A organização dentro do Ceará está precisando de ajuda porque o Estado do Ceará está generalizado em guerra, meu filho. Tá em guerra. Nossos irmãos se encontram encolhidos em uma só unidade. Tem que ajudar os irmãos que se encontram dentro do Estado. [Aqueles] que estão dentro da luta, que estão morrendo, que estão botando sua vida em xeque.”
Quem fala acima é um membro do PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior facção criminosa do país, durante uma discussão a respeito da distribuição dos lucros obtidos com atividades ilícitas em Fortaleza — palco de uma chacina ocorrida neste sábado (27), que resultou na morte de 14 pessoas.
O UOL teve acesso exclusivo a áudios enviados a um grupo de WhatsApp formado por membros cearenses do PCC. No começo deste ano, um policial obteve acesso a um celular de um integrante da facção e conseguiu copiar os arquivos do aparelho. A reportagem apurou que as forças de segurança do Estado têm conhecimento sobre o conteúdo dos áudios.
No grupo, os criminosos debatem, entre outros assuntos, a “matrícula” de menores de idade, quebrando assim uma antiga regra do PCC, a distribuição de lucros e a tomada de pontos de vendas de drogas dos rivais.
O apelo de ajuda aos “irmãos”, descrito acima, comprova que o Ceará tornou-se uma das principais frentes da guerra que opõe facções criminosas na disputa pelo controle de presídios e de pontos e rotas de tráficos de drogas e armas no país.
Em outro áudio, um membro do PCC ressalta que a facção, fundada em 1993 em um presídio de Taubaté (SP), buscar dominar o maior número possível de “quebradas” (comunidades) na capital do Ceará:
Vamos tomar as quebradas desses vermes, não adianta só se defender, não. Nós temos que atacar.”
Membro do PCC no Ceará
Chacina deixa 14 mortos no sábado
A madrugada de sábado (27) registrou o capítulo mais sangrento desta disputa no Ceará: atiradores da facção GDE (Guardiões do Estado) assassinaram pelo menos 14 pessoas que frequentavam uma casa de shows chamada “Forró do Gago”, na periferia da capital cearense.
Um grupo de homens fortemente armados invadiu a festa no bairro Cajazeiras e atirou contra os participantes. Mulheres são a maioria entre as vítimas. Entre os 18 feridos, um estava em estado grave até o horário das 23h deste sábado. A chacina é considerada a maior da história do Ceará.
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