A papiloscopia, ciência que trata da identificação humana pela análise de impressões digitais, tem evoluído muito ao longo das últimas décadas. Assim, a autoria de um crime não é mais a única informação que pode ser retirada deste vestígio. O uso de instrumentos analíticos surge como uma alternativa promissora na extração de informações químicas, especialmente, nos casos em que a identificação não é possível pois, as impressões digitais latentes não possuem condições técnicas de confronto, ou ainda, não constam na base de dados criminal de sistemas automatizados biométricos. Nesses casos, essas metodologias permitem a limitação do rol de suspeitos. Um exemplo dessas técnicas pode ser observado no estudo recentemente publicado na revista Journal of the Brazilian Chemical Society, que mostrou ser possível a identificação do sexo de um indivíduo pela análise das impressões digitais. Os pesquisadores analisaram impressões digitais de 42 voluntários utilizando a espectroscopia de infravermelho e métodos supervisionados, ou seja, a partir de modelos de classificação construídos utilizando amostras com características conhecidas, foi feita a discriminação de amostras desconhecidas de indivíduos por sexo. As amostras foram submetidas a diferentes condições de armazenamento. Considerando um período de até trinta dias a partir da coleta da impressão digital, os resultados mostraram taxas de discriminação correta maior que 80%.
Este estudo é um dos resultados do doutorado, concluído recentemente, do Papiloscopista Policial Federal Marco Antonio de Souza, no programa de pós graduação em nanociência e nanobiotecnologia da Universidade de Brasília – UnB. Nele, segundo o PPF Marco Antonio, as informações químicas de impressões digitais podem ser relevantes para uma investigação policial.
Ele estuda esse tema desde o mestrado e possui outros artigos publicados na área. Ainda segundo Marco Antonio, por ser uma técnica não destrutiva, é possível pensar em otimizar essa metodologia e incorporá-la nos protocolos de análise de vestígios de impressões digitais encontradas em cena de crime em que não seja possível estabelecer a autoria. Todos os pesquisadores que contribuíram com o estudo fazem parte do grupo de pesquisa Papiloscopisa Forense, vinculado à Academia Nacional de Polícia – ANP e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Este trabalho contou com o apoio do SINDIPOL/DF para sua publicação, sem o qual não seria possível. Os autores agradecem e reconhecem esta importante instituição que apoia e incentiva a pesquisa e formação continuada, no âmbito da Polícia Federal.
Maiores informações podem ser encontradas em:
http://static.sites.sbq.org.br/jbcs.sbq.org.br/pdf/2022-0182AR.pdf
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