Pablo Rebello
Da equipe do Correio
Valquíria: à procura de outros traficantes na Suíça e Bolívia
Os cinco traficantes de cocaína presos no último sábado pela Polícia Federal esperavam usar o aeroporto Internacional de Brasília para chegar à Europa, onde a droga seria vendida. Desde que passou a contar com vôos internacionais, o Aeroporto de Brasília se tornou um ponto estratégico para quadrilhas de tráfico de drogas deixarem o país. “As organizações criminosas ficam de olho nas rotas aéreas e tentam manter distância daquelas mais visadas. Seguem a mesma estratégia usada para trazer a droga de países vizinhos, quando evitam usar as estradas mais policiadas”, afirmou a superintendente da PF no Distrito Federal, Valquíria Andrade.
Levantamentos da PF indicam que os traficantes não utilizam apenas vôos internacionais para transportar o entorpecente. Em muitos casos, pegam vôos comerciais para aeroportos de outras capitais com o intuito de dissimular a prática do tráfico. Dessas localidades, os criminosos podem partir imediatamente para fora do país ou aguardar momento mais oportuno para a viagem. Uma pequena parcela dos traficantes também tem o costume de transportar a droga para ser vendida em outros estados. Em especial, na Região Nordeste.
A prisão de sábado ocorreu após três meses de investigação. Os traficantes — dois brasileiros, dois bolivianos e um italiano — carregavam aproximadamente 14,3kg de cocaína nos fundos falsos de seis malas. A apuração da PF revelou que o grupo não tinha intenção de vender a droga, adquirida na Bolívia, no mercado interno. A quadrilha tinha como destino final Zurique, na Suíça. “Um mercado que os traficantes consideram muito mais atrativo que o brasileiro”, detalhou a superintendente Valquíria Andrade. Mesmo com a prisão da quadrilha, as investigações continuam. “A experiência nos aponta que essa organização tinha outros integrantes, tanto em Zurique e na Bolívia, como também no Brasil e até mesmo
Os policiais federais descobriram, por exemplo, que o boliviano Luís Horst, 40 anos, foi arregimentado pelo conterrâneo Bruno Juan di Gioia para fazer o transporte da cocaína para a Europa. Bruno tinha sido preso pela PF no aeroporto de Fortaleza, em fevereiro, ao tentar sair do país com passaporte falso e cocaína na bagagem juntamente com outras 12 pessoas. Os depoimentos dos brasileiros Luciano da Silva Tavares, 32, Antônio Machado dos Santos, 48, do boliviano José Alejandro Rojas Gareca, 32 e do italiano Antonello Parisi, 31, também devem trazer novos elementos para as investigações.
Os cinco presos devem ser julgados pela Justiça Federal. Eles responderão pelos crimes de tráfico de drogas, que tem pena de cinco a 15 anos de prisão, e associação ao tráfico, com pena de três a 10 anos. As penas podem aumentar em um sexto devido à transnacionalidade do crime.
A Polícia Federal seguiu de perto os passos dos cinco presos no último sábado desde que o nome de Antônio foi levantado pela brasileira Eliziane Cordeiro dos Santos, presa em Metz, na França, em companhia de um português com nacionalidade suíça. A dupla carregava cocaína e estava em um trem a caminho de Zurique quando foi parada por policiais franceses. Após a informação ser passada pelos franceses para a Coordenação de Operações Especiais de Fronteira, a PF passou a vigiar o grupo. Chegaram a seguir Luciano e Antônio até Cuiabá, no Mato Grosso, de onde partiram para buscar a droga na Bolívia. Mas perderam os dois de vista antes de eles cruzarem a fronteira.
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