Como policial federal, venho recebendo felicitações por parte das pessoas que me encontram pela rua, amigos e desconhecidos, pelas diversas operações que estão sendo realizadas e exibidas na mídia, pela instituição Polícia Federal. São frases do tipo: “Vocês estão de parabéns”, “A PF está realizando um belo trabalho”, “A PF está lavando a alma do povo brasileiro” e a PF isso e a PF aquilo.
Contraditoriamente, algumas pessoas de diversos seguimentos como juízes, advogados, políticos e outros formadores de opinião, começam a questionar a maneira que a PF está atuando, e com isso são duramente recriminadas, sendo taxadas de estarem do lado do crime e que suas críticas soam muito suspeitas.
Nos corredores da sede do DPF esses trabalhos também sofrem restrições, e neste caso, por parte de quem conhece de perto o trabalho e seus executores. E como ser contra algo que está sendo aplaudido, como criticar o que está sendo elogiado e como dizer para as pessoas que estão nos parabenizando, que não é bem assim.
Todos concordam que a corrupção, a roubalheira e qualquer envolvimento criminoso, por parte de quem quer que seja, deve ser combatido. O problema está na forma e no “uso” da ação policial, na divulgação criminosa, não da notícia, mas da investigação, a que propósitos?
Um inquérito e uma ação penal que corre em segredo de justiça, porque nos autos existe um monitoramento telefônico e justamente o motivo desse sigilo legal, é sistematicamente “vazado” e publicado. Prisões temporárias que cumpridas, e por isso, tem o preso a liberdade, pedido de prisões preventivas que não atendem a seus pressupostos, e por isso, não se sustentam, são usadas como marketing de um grupo, jogando a opinião pública contra os Poderes constituídos, devendo ter o repúdio não só dos que estão matreiramente sendo adjetivados de corporativos e temerários, mas por todos os cidadãos brasileiros. A história recente de nosso país é que assim nos ensina, não devemos nos calar ante as injustiças alheias, amanhã tu podes ser o próximo reclamante e depois de amanhã, vós não podeis mais reclamar.
Não são poucos os servidores da Polícia Federal, que estão vivendo um clima de medo e insegurança, não conversam uns com os outros nas dependências da polícia, não marcam encontros com amigo no entorno do prédio, sentem-se vigiados em suas ações e ao telefone não admitem qualquer brincadeira ou conversas
Não obstante, somos a favor de uma polícia independente, política e financeiramente, mas responsável, sem estrelas hollywoodianas e com profissionais preocupados com o bem popular e menos em ficarem “bem popular”.
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