Fonte: O Globo
Agentes da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Federal (PF) admitiram na tarde deste domingo que não têm mais condições de fazer um controle de segurança eficaz dos voluntários que chegam ao Riocentro para se despedirem do Papa Francisco. A menos de uma hora da chegada do Pontífice ao local, cerca de dez mil fiéis da Jornada Mundial da Juventude já entraram no pavilhão.
O comandante da tropa da Força Nacional no Riocentro, capitão Dinamérico, informou que, quando o pavilhão estiver com sua capacidade esgotada, todos os portões serão abertos para que o público que ficou de fora possa acompanhar o encontro na área do gramado:
— Com isso, vou ter que mudar todo o meu esquema de policiamento. Planejamos barreiras em todos os pontos em que o público possa tentar se aproximar do Papa. Há alambrados e fileiras de policiais para conter possíveis eufóricos.
Por volta das 16h30m, no entanto, o delegado da Polícia Federal Robson Papini, informou que a escolha de deixar os portões laterais abertos foi vetada pela empresa que administra o Riocentro, a GL Eventos. Segundo ele, terá que ser respeitado o limite de doze mil pessoas dentro do pavilhão, definido no alvará do Corpo de Bombeiros, e não será permitido que o público acompanhe o encontro com o Papa do lado de fora, na área do estacionamento do Riocentro. O acesso ao Centro de Convenções será fechado depois que quinze mil voluntários entrarem no pavilhão. Ainda há uma multidão na fila de entrada.
— Começamos fazendo a triagem dos volumes carregados pelos voluntários um a um, com duas máquinas de raio x na entrada do pavilhão. Mas agora (por volta das 15h), tive que recolher as máquinas, porque lá fora tem mais do que o dobro de pessoas que aqui dentro. A triagem passou a ser feita apenas no visual pela Polícia Militar na entrada do Riocentro — disse Papini.
Apesar do otimismo dos oficiais, os agentes que trabalham diretamente na segurança do pavilhão estão preocupados. Sem a checagem, é possível observar pessoas sem qualquer identificação de colaborador da Jornada entrando no pavilhão, inclusive mães carregando bebês. Dezenas de voluntários também entram com mastros de bandeiras e alguns até mesmo sem a blusa que identifica o voluntário.
Agora há pouco, o locutor do evento transmitiu em português e espanhol um apelo da PF aos voluntários, para que não encostem nas grades para evitar acidentes. O apelo também pediu atenção dos fiéis aos mastros de bandeiras, para que ninguém se machuque.
— Infelizmente, não temos mais controle da situação. Estamos apagando um incêndio, e é torcer para que ninguém invada áreas restritas. Quem está escalado pela PF para trabalhar aqui tem ampla experiência na proteção de autoridades brasileiras e estrangeiras, mas simplesmente a organização do evento não se preocupou em nos consultar — disse um agente da PF que não quis se identificar.
Uma das cenas curiosas é a presença de um grupo de funcionários da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que trouxe detectores de radioatividade, mas parou de trabalhar depois da suspensão da checagem. Agora, apenas observam a multidão entrando.
— Você acha mesmo que ainda temos condições de fazer qualquer coisa aqui? — disse um dos funcionários, que preferiu não se identificar.
Um policial militar do Rio de Janeiro, cedido para a Força Nacional de Segurança Pública para trabalhar no evento, resumiu a situação:
— Ou liberávamos sem qualquer controle, ou haveria um tumulto generalizado nas entradas do Riocentro, porque não haveria como checar todo mundo a tempo. A organização abriu os portões muito tarde (por volta das 13h30).
A Receita Federal, responsável pela checagem dos voluntários, trouxe apenas dois scanners para atender às quinze mil pessoas. Segundo um funcionário, para que todo mundo fosse revistado a tempo, seria necessário que os trabalhos tivessem começado no início da manhã, e não por volta das 13h30m, como aconteceu.
Os voluntários aguardam a chegada do Papa assistindo a shows dentro do pavilhão.
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