Fonte: Terra
Nesta quarta-feira, centenas de agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal acompanharam a Marcha dos Elefantes Brancos, na Esplanada dos Ministérios em Brasília, num protesto contra a gestão da segurança pública brasileira.
Os agentes federais reclamam “que estão sofrendo um boicote, pois suas atribuições de nível superior não são reconhecidas, e há cinco anos sofrem um congelamento salarial, considerado por muitos policiais um castigo pelas grandes operações anticorrupção que abalaram os bastidores do governo”.
Os sindicatos reclamam que a segurança pública não tem sido tratada como uma prioridade pelo atual governo, e protestam contra a indicação política de chefes sem experiência verdadeiramente policial. Segundo os manifestantes, os gestores da segurança pública brasileira “são geralmente burocratas, grandes responsáveis pelo aumento da violência e criminalidade no país”.
Segundo o pesquisador Julio Waiselisz, do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), a escassez de fontes de pesquisa oficiais sobre a violência no país “é um retrato do descaso com a Segurança Pública, e mostra que o Brasil possui o maior número de homicídios por armas de fogo do mundo”.
Números superiores a mortes em guerras civis
Estatisticamente, a probabilidade de um brasileiro ser assassinado por disparos é maior do que em países com guerras civis. E, em números absolutos, 38.892 em 2010, o número é superior à média anual de conflitos como o da Chechênia (25 mil), entre 1994 e 1996, e da guerra civil de Angola (1975-2002), com 20,3 mil mortos ao ano.
O pesquisador Julio Waiselisz cita estatísticas do Conselho Nacional do Ministério Público, e alerta que uma das razões para a epidemia de violência no país é a impunidade. “Por conta de um modelo policial herdado do Brasil Império, o índice geral de elucidação de crimes no Brasil é baixíssimo, estimado entre 5 a 8%”, esclarece Waiselisz.
Outro problema enfrentado é a baixa valorização dos profissionais da área: para se ter uma ideia, em 2013, 115 agentes federais abandonaram a Polícia Federal. As causas apontadas pelos ex-policiais são a perda do poder aquisitivo por conta de um congelamento salarial de cinco anos, e as péssimas condições de trabalho.
Os locais mais prejudicados são as unidades de fronteira, que possuem o foco no combate ao tráfico internacional de drogas e armas.
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