Os cinco homens presos na quarta-feira em uma casa na periferia de Fortaleza, onde a Polícia Federal encontrou R$ 12,25 milhões dos R$ 164,7 milhões furtados do Banco Central (BC) no primeiro fim de semana de agosto, confessaram o crime e contaram detalhes. Eles apontaram outros 18 integrantes da quadrilha. O dinheiro teria sido dividido entre os 23 participantes do crime.
De acordo com a PF, indicaram o cearense, natural de Boa Viagem, Antônio Jussivan Alves dos Santos, conhecido por “Alemão”. Como líder e mentor da ação, o maior furto a banco no Brasil, ele teria ficado com a maior parte do dinheiro. Os presos contaram, em depoimento, que o túnel de 80 metros usado no furto começou a ser escavado em junho.
Planejavam arrombar o cofre do BC no fim de semana do Fortal – o carnaval fora de época de Fortaleza. Mas o plano foi adiado uma semana porque a luz da casa usada para a montar a empresa de fachada, a Grama de Sintética, havia sido cortada por falta de pagamento. A polícia acredita que as 3,5 toneladas de dinheiro foram retiradas do cofre em uma noite, entre 18h e 4h.
O cearense Antônio Edmar Bezerra, os paulistas Marcos de França e Marcos Suppi, e os mineiros Flávio Mattioll e Davi Silvan da Silva foram presos na casa do bairro Mondubim, na periferia de Fortaleza. Eles estavam com passagens de ônibus para Natal (RN) marcadas para o dia 27 e aéreas, de Natal para São Paulo (SP), para ontem. No local, foram apreendidos uma pistola ponto 40, com numeração raspada, uma picape Montana, placas MZF-3712 , de Mossoró (RN); uma Pajero DMX-6297, de Santana de Parnaíba (SP), e uma Kombi.
Três deles, Bezerra, França e Silvan, confessaram participação na escavação do túnel de 80 metros. Os R$ 12,25 milhões seriam a parte que cabia a eles. Quanto aos outros dois, um disse à polícia estar em Fortaleza para levar a Pajero para São Paulo e o outro teria viajado para ajudar a pegar a parte do dinheiro que seria de Marcos de França.
Silvan, segundo a PF, é fugitivo de penitenciárias de São Paulo e Minas Gerais. “Fugas estas através de túneis”, informou o superintendente da PF de Fortaleza, João Batista de Paiva Santana. Ainda segundo a PF, ele é conhecido no mundo do crime como “engenheiro” – embora não tenha formação profissional – e também teria participado do assalto à Transbank, ano passado, em São Paulo. Nenhum dos presos quis falar com os jornalistas.
Todos foram presos em flagrante. Os paulistas e os mineiros foram autuados por formação de quadrilha e uso de documentos falsos. O cearense, o único que portava documentos verdadeiros, foi autuado por formação de quadrilha e porte ilegal de arma.
Esconderijo
Era de Bezerra a pistola Taurus ponto 40 encontrada na casa do Mondubim. A residência também havia sido comprada por ele por R$ 70 mil, alguns dias após o furto ao BC. A PF também fez buscas em outras duas casas dele. Uma em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza, e outra em Boa Viagem. Na casa de Boa Viagem, informou Santana, foram apreendidos mais R$ 5.900 em notas de R$ 50, como as furtadas do banco; uma caminhonete F-250; uma moto Falcon; e outras duas pistolas (uma Glock e outra Taurus ponto 40). De acordo com a PF, as pistolas ponto 40 seriam da polícia paulista.
A picape Montana, apreendida na casa do Mondubim, está registrada no nome do dono da JE Transportes, José Charles Machado de Morais, preso desde o dia 10 de agosto, quando viajava no caminhão-cegonha com três carros recheados com R$ 5 milhões furtados do BC. “A caminhonete F-250 também foi vendida por Charles ao Bezerra”, informou o superintendente da PF, o que demonstra a ligação entre os presos e o empresário, que, assim como Alemão, é natural de Boa Viagem.
Segundo a PF, França e Silvan aparecem nas imagens registradas pelo circuito interno do Aeroporto Internacional Pinto Martins. Eles fazem parte do grupo que fugiu na tarde de sábado, 6 de agosto, no vôo da TAM para São Paulo. “Depois do furto, eles se dividiram. Uns foram para outros estados de avião, outros por terra e outros ficaram aqui no Ceará mesmo”, disse Santana.
Os presos disseram conhecer o homem que registrou a empresa Grama Sintética pelo nome falso que ele usava: Paulo Sérgio de Sousa. “Mas ele não era o cabeça”, disse Santana. Por meio das digitais deixadas na falsa empresa a PF identificou outro integrante da quadrilha. Trata-se de José Marleudo de Almeida, do Rio Grande do Norte. Ele está foragido.
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