O delegado José Ferreira Boucinha Neto foi sacado nesta terça-feira (19), pela cúpula da Segurança Pública, do posto de número 2 da Corregedoria Geral da Polícia Civil de São Paulo.
Para o lugar de Boucinha Neto, que era responsável pela Divisão de Crimes Funcionais, setor mais atuante da Corregedoria, foi nomeado o delegado Luis Otávio Cavalcanti Soares de Araújo.
A queda de Boucinha Neto ocorreu um mês após a Folha revelar uma série de denúncias do também delegado Mário Rui Aidar Franco sobre possíveis irregularidades na Corregedoria.
Assim que o caso foi revelado, Boucinha Neto entrou em férias e, ontem, ao retornar ao trabalho, acabou tirado do cargo.
De acordo com Franco, o órgão fiscalizador dá tratamento diferenciado em apurações contra delegados que chegaram ao topo da carreira.
Ele afirma também que a direção da Corregedoria, dentre os quais Boucinha Neto, exercia pressão para não responsabilizar policiais por crimes em inquéritos que podem se converter em processos criminais na Justiça.
Boucinha Neto nega todas as acusações e disse que Franco terá de provar na Justiça tudo o que diz.
Franco foi por dois anos da Corregedoria e, depois de deixar o órgão, em abril, ele foi trabalhar como plantonista em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo.
Após tornar públicas suas denúncias, ele também foi removido do posto e teve sua carteira funcional e armas recolhidas por ordem da Delegacia Geral da Polícia Civil.
REUNIÃO GRAVADA
Em uma reunião com delegados que comandava na Corregedoria, Boucinha Neto foi gravado ao falar que o atual chefe da Corregedoria, Délio Montresor, os orientava para que delegados da “classe especial”, a elite da Polícia Civil, só fossem investigados por iguais.
O problema é que a divisão que apura os crimes de policiais civis não tem delegado de classe especial. Estão nessa categoria 114 dos 3.300 delegados do Estado. “Indiciamento [de suspeitos] só serve para tomar dinheiro”, disse Boucinha Neto, na reunião.
Boucinha Neto também é acusado por Franco de ter dito que o chefe da Corregedoria, Délio Montresor, deveria estar sentado “no vaso sanitário”. O delegado nega ter dito isso.
O ex-nº 2 da Corregedoria também foi gravado ao brincar com o sobrenome do secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, e disse não saber se ele continuaria à frente da pasta.
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