O ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), cassado há um ano, disse, em entrevista ao site da revista Veja, ter ajudado líderes do Democratas a arrecadar dinheiro durante o período em que era o único governador da sigla. “Atendi dos pequenos favores aos financiamentos de campanha”, afirmou, exemplificando os “favores” como “nomear afilhados políticos, conseguir avião para viagens, pagar programas de TV, receber empresários”. “Ninguém se elege pela força de suas ideias, mas pelo tamanho do bolso”, afirmou. Arruda disse ter conseguido os financiamentos com empresários, mas “para ajudar o partido, nunca em proveito próprio”.
Arruda ainda criticou os que o “bajulavam” e recebiam sua “ajuda” e, após o escândalo do caso que ficou conhecido como “mensalão do DEM”, o “enxovalharam” na imprensa. “Os senadores Demóstenes Torres e José Agripino Maia, por exemplo, não hesitaram em me esculhambar. Via aquilo na TV e achava engraçado: até outro dia batiam à minha porta pedindo ajuda! Em 2008, o senador Agripino veio à minha casa pedir R$ 150 mil para a campanha da sua candidata à prefeitura de Natal, Micarla de Sousa (PV) (…) O deputado Ronaldo Caiado, outro que foi implacável comigo, levou-me um empresário do setor de transportes, que queria conseguir linhas em Brasília, afirmou, acrescentando ter ajudado também os deputados Rodrigo Maia e Antonio Carlos Magalhães Neto, e o senador Cristovam Buarque (PDT). “Os que eu não ajudei, o Kassab (prefeito de São Paulo) ajudou. É assim que funciona”, disse.
Caiado diz que declarações de Arruda não têm crédito
Em nota, o vice-presidente do DEM, deputado Ronaldo Caiado, afirmou que as declarações de Arruda, a quem chamou de “mensaleiro”, são mentirosas e não merecem crédito. Ele disse ter se reunido com Arruda em 2009, com outras 15 pessoas ligadas ao setor de transporte. “Arruda, diante do cenário na região, alimentado por seu espírito de gângster, mais uma vez viu a oportunidade de lucrar com o dinheiro público e por tabela estender seus tentáculos sobre Goiás”, diz o comunicado. “A intenção de Arruda era monopolizar o transporte e utilizá-lo por interesse político-eleitoral em 2010”, afirmou Caiado, acrescentando que alertou o governo goiano na época e que o Estado não cedeu, já que o controle das linhas permaneceu com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
“Farei um requerimento junto à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para que divulguem qualquer fato, se houver, com o meu nome. Arruda dá declarações que não merecem crédito. Não é coincidência Arruda criar mentiras sobre todos os líderes que tiveram coragem de baní-lo do DEM. Sequer apresenta prova. Ele apenas quer prejudicar e se vingar de quem não seguiu o caminho de corrupção trilhado por ele”, afirmou o deputado.
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