Fonte: Agência Sindipol/DF
Por Jones Borges Leal*
O número excessivo de entidades de caráter sindical em nosso meio é preocupante. Esta pulverização, em minha opinião, é extremamente prejudicial à nossa luta. E demonstra também nossa desorganização e despolitização.
São tantas entidades, cada uma com sua demanda específica, que nossa agenda macro fica reduzida a nada do ponto de vista da construção de soluções duradoras para os nossos gravíssimos problemas. Os desdobramentos da greve tem nos apresentado isto todos os dias. Será que não percebemos isso, meus companheiros e companheiras?
A propósito, este tripé – despolitização, desorganização e pulverização – acaba servindo apenas para tirar nosso foco e clareza de objetivos. Percebo isto com mais nitidez e objetividade, pois irei assumir a Fenapef, juntamente com meus companheiros de chapa, e enxergo que com esse tipo de organização sindical nossos caminhos serão mais longos e tortuosos.
Sem unidade teremos, com certeza, mais dificuldades para empreender projetos mais ousados em nossa categoria. É preciso superar este quadro de pulverização em nosso meio. Com cada um cuidando do seu, a luta torna-se infinitamente mais árdua.
Precisamos superar esse quadro de despolitização, que tem nos feito optar por caminhos que não tem ajudado a aportar em porto seguro.
Essa despolitização causa-nos ainda outros dois problemas – desorganização e pulverização.
A desorganização, ao fim e ao cabo, de modo geral tem nos imposto movimentos apenas reativos; temos sido incapazes de produzir ações estratégicas que nos permitam trilhar caminhos em nossa luta com mais segurança de onde queremos chegar.
E a despolitização aliada à desorganização tem gerado um terceiro grave e grande problema em nosso meio, a pulverização de nossa estrutura organizativa. Assim, fica cada um tomando conta do seu quintalzinho, enquanto nossos adversários e/ou inimigos se esbaldam com esses nossos gravíssimos erros. E, claro, se aproveitam deles para nos atropelar!
Na última quarta-feira (20), presenciei um fato muito ilustrativo desta crítica que faço a essa nossa miopia política. Estava no Senado acompanhando alguns projetos de nosso interesse geral. E um segmento de nossa categoria também estava lá para acompanhar um projeto específico, que obviamente não conflita com nossa agenda geral e que pessoalmente apoio e lutarei junto para que tenham êxito. Mas eles estavam lá apenas “cuidando do seu”, só e tão somente.
Eles estavam agindo corretamente do ponto de vista da agenda específica que defendem e acompanhavam. Mas se unissem essa demanda específica, com a geral que interessa a todos na categoria tornariam as duas agendas (geral e específica) mais factíveis e viáveis. É a unidade e luta!
Tenho freqüentado assiduamente o Congresso, uma importante arena de luta para nossas demandas. Vejo que nossos adversários estão lá todos os dias; sempre juntos com outros segmentos congêneres deles e em número sempre bem superior ao nosso. E bota superior nisso! Por isso, meus companheiros e companheiros temos sempre corrido atrás dos problemas e dos prejuízos.
Anteciparmos-nos a esses problemas é a nossa tarefa e compromisso. Superá-los exigirá de nós outro olhar, outra atitude, esses são os nossos desafios, que desde já estão lançados. Habilito-me para começar este debate, com o objetivo de superar o que para mim têm sido erros primários em nosso meio.
“O novo sindicalismo” precisa, sinceramente, fazer este debate. Do contrário vamos repetir esses erros sem nem percebermos, pois nossa prática cotidiana reproduz fidedignamente esses vícios.
Pensem nisto, pois do contrário as consignas “Juntos somos mais fortes” ou “Unidos seremos mais fortes” não passarão de retórica vazia, sem nenhum significado prático e plausível.
(*) Presidente do Sindipol-DF, eleito titular da Fenapef
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