Jones Leal, presidente do Sindipol/DF, fala da crise da Polícia Federal (Foto: Xaxá)
Escrivães, Papiloscopistas, Agentes da Polícia Federal – EPAs e deputados federais participaram nesta quinta-feira, 22, da audiência pública promovida pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, para tratar da reestruturação da carreira policial federal. Também participaram do evento cerca de 30 excedentes aprovados no último concurso público para o cargo de Agente Federal.
Sob o comando dos deputados Delegado Protógenes (PCdoB/SP) e Fernando Francischini (PEN/PR), autores do requerimento da audiência, integraram a primeira mesa diretora o presidente da Fenapef, Marcos Wink; o presidente do Sindipol/DF, Jones Leal; Leilane Ribeiro representou os servidores administrativos e o perito Hélio Buchmuller expôs os problemas da sua categoria. A segunda mesa foi integrada pelo Presidente do Sindicato dos Policiais Federais de São Paulo, Alexandre Santana Sally, José Carlos Thomas da Silva, representante do Sindicato dos Policiais Federais de Rio de Janeiro e o vice-presidente do Sinpef-MG, Luís Antônio Boudens. Renato Silveira Salgado, representou os 236 aprovados no último concurso para Agente Federal.
O Plenário 6 da Câmara Federal ficou lotado para a audiência pública (Foto: Xaxá)
Desinteresse – O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi representado pelo secretário substituto de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Gabriel Sampaio. O diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, mais uma vez não compareceu e nem mandou representante, assim como o diretor da Academia Nacional de Polícia, Marco Antonio Ribeiro Coura e o chefe de Serviço de Inspeção Médica do Departamento de Polícia Federal, André Ricardo Pessoa Sousa.
Durante exatas 3 horas e 37 minutos, parlamentares de diversos partidos debateram com os representantes sindicais a urgente reestruturação da Carreira Policial, apontada com unanimidade como a única alternativa para a solução imediata para os problemas da Polícia Federal. Usaram o microfone em defesa dos EPAs os deputados Chico Lopes, Fernando Castro, Gonzaga Patriota, Izalci, Paulo Pimenta, Francisco Praciano, Paulo Rubem Santiago e Jesus Rodrigues. Também estiveram presentes, apoiando a reestruturação, os deputados Jair Bolsonaro, Vanderlei Siraque, Jesus Rodrigues, Junji Abe e Keiko Ota.
O presidente do Sindipol/DF, Jones Borges Leal, destacou a grave crise da Polícia Federal, ressaltando o fosso salarial que distancia de forma ilegítima os delegados e peritos das outras categorias na instituição. Leal lembrou que os reflexos desse quadro são dramáticos e a negociação com o governo, que já dura mil dias, até agora em nada resultou de concreto.
– Nos últimos anos, os sindicatos e a Federação dos policiais federais apresentaram argumentos técnicos aos diversos segmentos do governo federal, demonstrando a necessidade de uma reestruturação da carreira. Apresentamos tais argumentos no MJ, MPOG, ministério do Trabalho, Casa Civil, a diversos deputados e senadores, mas até o momento nada foi feito para resolver o problema.
Deputado Protógenes Queiroz e a braçadeira da Reestruturação: apoio total à causa dos EPAs (Foto: Xaxá)
Meritocracia zero – Para o presidente do Sindipol/DF, a meritocracia passa muito distante da Polícia Federal. Leal denuncia que policiais com 30 anos de experiência no trabalho policial, portadores de dois ou mais cursos superiores, com especialização em diversas áreas no Brasil e no exterior, são comandados por um ''chefe'' que – na maioria das vezes – não tem um mês na atividade policial, sem experiência de vida, talvez sendo este o seu primeiro emprego.
– Como a sociedade pode estar segura em um modelo de polícia falido como este? – indaga o presidente do Sindipol/DF.
Todas estas aberrações, somando-se às perseguições, às vergonhosas remoções, aos desvios de função e à falta de investimentos – tudo isso até agora sem solução – resultam na crônica e inevitável desmotivação dos policiais federais. ''A situação é muito grave e não está havendo soluções. A Polícia Federal hoje é o principal órgão no combate à corrupção e ao crime organizado, mas não é valorizado como tal. Os policiais federais não estão sendo valorizados!'', alerta o líder sindical.
Ao final da sua exposição, o presidente Jones Leal agradeceu ao apoio que tem recebido dos sindicalizados que, mais uma vez, lotaram o plenário para acompanhar os debates, demonstrando interesse na solução da crise da Polícia Federal.
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