Um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado ontem pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, general Jorge Félix, traça um dramático quadro sobre o consumo de álcool no Brasil. Pelo relatório, o consumo de álcool no país aumentou em 154% entre 1961 e 2000.
Ontem, também foi divulgada uma nova pesquisa feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sob encomendada da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) indicando que mais da metade dos brasileiros faz uso de bebidas alcoólicas. No estudo, 64% dos entrevistados se disseram consumidores de cerveja, cachaça ou uísque, entre outras bebidas com algum teor alcoólico. E 45% dos entrevistados fizeram dramáticos relatos sobre brigas, doenças e perda de emprego, entre outros problemas de âmbito familiar relacionados ao abuso de álcool.
Para a diretora de Prevenção e Tratamento da Senad, Paulina Duarte, a pesquisa da Unifesp e o relatório da OMS mostram um quadro alarmante sobre o consumo de bebidas no país:
— A situação é preocupante. Houve uma evolução do consumo de bebida muito grande. E nós temos de avançar com a mesma velocidade para controlar esse consumo.
Consumo ligado a acidentes de trânsito e homicídios
Mais grave ainda, segundo Paulina, é que o consumo de bebida está se tornando um fenômeno entre jovens. Pela pesquisa da Senad, o consumo regular de bebidas é mais freqüente entre adolescentes de 14 e 15 anos de idade. Para ela, o estudo ajuda a entender também por que o Brasil está entre os países com as mais altas taxas de homicídios e acidentes de trânsito do mundo. Ao responder os longos questionários da pesquisa, 11% dos entrevistados disseram que já foram agredidos por pessoas bêbadas, e 28% informaram que já viajaram em carros dirigidos por motoristas embrigados. Um grupo ainda maior, 38% dos ouvidos, disseram que já aconselharam algum amigo a procurar ajuda para se livrar do álcool.
— O consumo de álcool tem um custo familiar e social muito elevado — afirmou Paulina.
Nesta primeira etapa da pesquisa da Unifesp, foram entrevistadas mil pessoas, de 14 a 65 anos de idade, de 143 cidades brasileiras. O resultado completo da pesquisa será divulgado no início de 2006. Até lá, a Unifesp pretende concluir a análise de três mil questionários.
Com as conclusões iniciais, a Senad vai elaborar propostas de restrições a propaganda e de pontos de venda de bebidas alcoólicas. Para os técnicos da secretaria, é necessário aumentar os impostos e a fiscalização sobre a venda de bebidas, principalmente para menores de idade. Segundo a Senad, a proibição da venda de bebidas para menores não é respeitada.
— É proibido vender bebida para menores. É um crime que dá cadeia. Mas alguém respeita? Tem que apertar a fiscalização — defendeu Paulina.
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