Fonte: Correio da Manhã
O Brasil está a treinar uma poderosa força de intervenção com 10 mil homens para reforçar a segurança durante o próximo Mundial de futebol da FIFA, que decorrerá em 12 cidades brasileiras entre junho e julho deste ano. Os militares serão enviados para todas as cidades que vão receber jogos do Mundial e que solicitarem esse reforço ao Governo central.
Todos os membros dessa polícia especial são oriundos da Força Nacional de Segurança Pública, um grupo de polícias civis e militares de elite subordinado diretamente ao Ministério da Justiça. Segundo o comandante da Força Nacional, o coronel Alexandre Augusto Aragon, essa polícia especialmente criada para enfrentar atos de violência já estava a ser treinada desde 2011, mas os treinos foram intensificados depois dos violentos protestos ocorridos em todo o Brasil, em junho de 2013.
“Já estávamos preocupados com a violência mesmo antes dos protestos de 2013, pois não é nosso hábito esperar para ver o que acontece. Mas os protestos ocorridos em julho assustaram pela violência. Tivemos muitos polícias feridos, nomeadamente no Rio de Janeiro, e isso fez com que aprimorássemos os treinos”, declarou Aragon. O comandante da Força Nacional lembrou que os protestos, muitos deles violentos, são comuns nos Mundiais desde a primeira edição da competição, em 1930. “Desde o Mundial de 1930 que os países anfitriões enfrentam um histórico de manifestações. Isso ocorreu, por exemplo, na África do Sul em 2010, na Alemanha em 2006 e na Coreia e no Japão em 2002”, recordou Augusto Aragon.
Segundo o inspector da Polícia Federal e secretário Nacional de Segurança para grandes eventos Andrei Passos, a tropa de choque criada para o Mundial da FIFA poderá ser requisitada pelas cidades que recebem os jogos. A polícia será utilizada tanto como força de contingência, ficando de prevenção nos quartéis e só sendo accionada em caso de necessidade, ou como reforço ao policiamento ostensivo, ao bloqueio de estádios e controlo de ruas onde ocorrerem protestos, além de combater excessos. De acordo com o secretário, cada Estado brasileiro que receber jogos vai ter, até final deste mês, para definir o seu próprio esquema de segurança e dizer ao Governo central o que precisa.
FORÇA E TECNOLOGIA
A criação desta polícia especial com um número tão elevado de militares e com um treino tão intensivo e focado, mostra que o Governo da Presidente Dilma Rousseff não está disposto a que incidentes com manifestantes possam tirar brilho ao Mundial. É, também uma demonstração de força para tentar evitar que se repitam confrontos violentos como os ocorridos em julho durante a Taça das Confederações – também organizada pela FIFA no Brasil – e onde a polícia local várias vezes conseguiu conter manifestações violentas.
Para se ter uma ideia da importância que o Governo central dá à questão da segurança e para que nenhum protesto violento ocorra ou assuma grandes proporções, basta verificar que a esmagadora maioria dos Estados brasileiros tem apenas um batalhão de choque, normalmente com um efetivo entre 100 e 200 homens. São Paulo é uma das poucas excepções, pois a tropa de choque paulista é composta por três mil homens.
Mas a polícia não vai contar apenas com a força para tentar inibir manifestações de cunho violento. Entre recursos tecnológicos, essa força vai contar com o que se espera ser uma valiosa contribuição de robôs Packbot, adquiridos especificamente para o Mundial da FIFA pelo Governo brasileiro à empresa norte-americana Irobot.
Os 510 Packbot são capazes de se infiltrar, passar desapercebidos numa manifestação e enviar imagens captadas pelas suas câmaras de alta precisão para o posto de segurança, que analisará com muito mais fidelidade a real situação a cada momento e decidirá quando e como a tropa agirá, se for o caso. Feitos de borracha, os robôs são equipados com esteiras que lhes permitem subir escadas ou ultrapassar sem problemas uma ladeira com até 60 graus de inclinação, têm um braço mecânico que poderá ser usado, por exemplo, para identifcar e desarmar explosivos, e continuam a funcionar mesmo quando ficam cobertos por um metro de água.
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