Sempre se soube que aquele que detém o poder, sucessivamente deseja mais e mais, até o limite do inimaginável. É certo que, por vezes, ao se buscar objetivos particulares se deixa de lado outros pares, mas agora foram longe demais.
Perseguições, intrigas, opressões e mais um cem números de problemas causados pela falta de estrutura no Órgão, mas que agora foram superadas pela estratégia do mal e de dominação, advindas das discussões no Congresso sobre a criação da Carreira Jurídica para os Delegados de Polícia Civil e de carona, os Federais.
Sabe-se que esse malfadado Projeto de Emenda Constitucional, foi articulado pela Associação dos Delegados de Polícia Civil, principalmente de SP, pois realmente em alguns Estados a Polícia não é remunerada a altura. Inicialmente o que buscaram foi uma forma de melhorar a remuneração, porém a sede de poder foi maior e começou a lambança.
Além da isonomia de vencimentos com os membros do Ministério Público, o texto traz ainda similaridades entre poderes, atribuições e prerrogativas com esses e também com os Magistrados.
Até aí tudo bem, pois nada tínhamos a ver com isso. Acontece que oportunistas e ambiciosos Delegados Federais vislumbraram, nesse momento, a chance de acabar com nossa Carreira Policial (carreira única) pegando uma carona nessa PEC e ao mesmo tempo ocupando espaço que há muito é disputado com o MP.
Todos sabem que a Carta Magna diz que a Polícia Federal é estruturada em carreira (única) enquanto que a Polícia Civil será chefiada por um Delegado de carreira. Pequena diferença, mas que produz um resultado medonho.
Nesse aspecto, os sindicatos acompanharam o desenrolar da PEC, bem como os apelos da ADPF para que apoiassem o projeto, prometendo que certamente depois também seríamos contemplados. DEPOIS. Depois por quê? Por que não agora e juntos em uma medida constitucional que regule de vez as regras da carreira e acabe com conflitos entre as categorias?
A Lei Orgânica que foi manipulada para não dar em nada, poderia agora ser refeita, baseada na nova regra que contemplasse todos os servidores do Órgão e não apenas os delegados como sempre. Já que o maior problema da Carreira Única seriam as regras do texto constitucional, então que agora se detalhe o provimento derivado de forma que não se suscitem outras avaliações jurídicas, que certamente inviabilizaria o acesso à promoção da forma como se deseja.
Não é pedir demais, apenas desejamos tratamento justo e paritário, pois essa estória de “eu vou depois você vai” é tão mentirosa como aquela promessa: “prometo que coloco só a cabecinha” – acredita quem quer e depois as conseqüências são as conhecidas. Quem já esqueceu o que fizeram no passado, onde os Delegados durante anos receberam salário igual ao dos procuradores e os demais ficaram na miséria. Os agentes, escrivães e papiloscopistas forma obrigados a buscar na justiça outros direitos além dos movimentos paredistas que todos conhecem.
Agora, para completar a falta de escrúpulo e demonstração de sede de poder, vê-se que mentirosos, talvez tentando desagregar os policiais, escrevem textos e faixas informando que todos, inclusive nós do “baixo clero”, também ganharemos recebendo proporcional remuneração e garantia de promoção – MENTIRA – a PEC não garante nada além das vantagens para delegados. O resto é pura especulação, para tentar o apoio, incitando a base.
Os sindicatos se mobilizaram e conseguiram impedir a votação, demonstrando que a PEC prejudica a grande maioria dos policiais brasileiros. Então, se quiserem nosso apoio, que mudem o texto com clareza e definição, onde fique expressamente demonstrada a melhora para toda a categoria policial.
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