Senhor Diretor-Geral da Polícia Federal,
Antes de mais nada, gostaria de me apresentar. Meu nome é HUGO LEONARDO COSTA, sou agente de Polícia Federal, tenho 33 anos de idade e sou natural de Brasília/DF, nascido e criado na capital Federal.
Sou filho de servidores públicos, meu pai é aposentado dos CORREIOS e, minha mãe, servidora aposentada do Governo do Distrito Federal.
Minha história com o Departamento começou muito cedo, ainda adolescente, momento em que demonstrava grande interesse pela Polícia, em especial a Polícia Federal do Brasil.
Sou formado em Processamento de Dados, Pós-Graduado em Sistemas Distribuídos e, acredite, larguei tudo isso para me tornar Agente de Polícia Federal, onde certamente deixaria para trás toda a bagagem um dia adquirida como Analista de Sistemas.
Após meses de estudo, em 2004, finalmente, obtive a tão esperada aprovação em um dos concursos públicos mais badalados da época, e, acima de tudo, bastante almejado por mim.
Com poucos meses de Polícia, descobri que meus chefes odiavam o Ministério Público e as pessoas odiavam a polícia. Na minha cabeça, naquele momento, imaginava que as duas instituições eram uma só, pois defendiam o mesmo interesse: o bem coletivo.
Em pouco tempo percebi também que as poucas funções de chefia que ainda existiam na mão de escrivães, agentes e papiloscopistas estavam sendo tomadas por Delegados de Polícia, muitas vezes recém vindos da ANP. Pouco importaria se tínhamos o mesmo grau de instrução – superior -, grande parte das disciplinas ministradas na ANP em comum e o mesmo tempo de curso de formação. O que os diferenciava, basicamente, era o concurso público prestado e o diploma de Bacharel em Direito, também exercido por dezenas de colegas não-delegados.
Não que eu queira ser chefe, Sr. Diretor Geral.
Acontece que está bastante claro que no Departamento, atualmente, não há espaços para não-delegados. Seja no CANIL, COT, CAOP, NOs, NIPs, enfim, em NENHUM LUGAR, seja ele OPERACIONAL, ADMINISTRATIVO ou não.
E quanto aos servidores administrativos? Estes, então, não preciso nem falar a importância dispensada aos nossos verdadeiros guerreiros.
Hoje no DPF, eu, APF, por mais que estude e me esforce, não tenho a mínima chance de crescer na CARREIRA – se assim posso chamar este tempo de serviço aqui prestado -, restrita a uma singela mudança no contracheque.
Esta situação, senhor Diretor Geral, está desencadeando uma frustração em massa, falta de perspectiva profissional, evasão de pessoal e, sobretudo, grande desmotivação de servidores, sem contar os problemas de ordem psicológica e de saúde.
Com relação à Lei Orgânica, Sr. Diretor Geral, está claro que as nossas atribuições serão reconhecidas por direito – pois de fato já são exercidas há muito tempo -, pois sabemos muito bem a importância dos servidores não-delegados no contexto do Departamento de Polícia Federal.
Sendo assim, não precisaríamos ter que aprovar uma Lei Orgânica com atribuições valorizadas para começar a mudar esta cultura no departamento. Bastaria que parte da Polícia, em especial aquela que nos diz respeito – polícia administrativa/ostensiva/preventiva, fosse integralmente dirigida por esta parcela de policiais – a grande maioria -, atualmente marginalizada e à margem de tudo e de todos.
Quanto aos administrativos, por que não valorizá-los em setores afetos à sua formação, permitindo que ascendam em suas respectivas áreas? Os setores já existem, e são relacionados à Informática, Recursos Humanos, Logística, enfim, dezenas de setores de apoio atualmente ocupados por servidores policiais sem formação na área, também desviados do verdadeiro propósito para o qual foram treinados e contratados pelo poder público federal.
Tais medidas, Sr. Diretor Geral, além de valorizar a nossa CARREIRA, traria uma série de benefícios para a instituição, e, principalmente, para a sociedade como um todo, pois estaríamos resgatando uma área explorada e usurpada por outras categorias da segurança pública.
Para finalizar, Sr. Diretor Geral, agradeço a atenção e desculpe o desabafo.
Respeitosamente,
HUGO LEONARDO COSTA
Agente de Polícia Federal
1ª Classe
Fonte: Agência Fenapef
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