Por: Ruben Martins da Cruz Neto
Como policiais, temos nos deparado com várias situações difíceis e momentos críticos em nossas carreiras, desde a resistência de alguns, a frustração de muitos ou em decorrência da inveja de poucos.
Isso por se só são fatos inegáveis de uma vida dedicada ao cumprimento das leis e no combate ao crime em nosso país, tendo que manter uma postura ética e profissional num ambiente combativo e hostil.
Seria confortável colocar a culpa nas dificuldades estruturais devido às conjecturas que fazem parte do cotidiano policial brasileiro, mas a gênese da questão passa inicialmente por questões corporativistas, além dos obstáculos institucionais impostos ora por questões orçamentárias ou ora por razões ideológicas e políticas.
Como guerreiros do bem, desenvolvemos a chamada RESILIÊNCIA profissional, cuja melhor definição afirma que é a capacidade de cessar qualquer tensão causadora da destruição do perfil profissional, da deformação do caráter, da moral e da ética policial numa longa trajetória de uma carreira digna e honrada, conquistada com suor e sangue na luta contra o mal.
Como seres humanos, temos um jeito pessoal de ser e lidar com as adversidades, baseado num DNA vocacional adquirido através de experiências vividas profissionalmente, de forma única e pessoal, obtém um conjunto de conhecimentos técnicos e especializados através de fatos vivenciados durante nossas carreiras, cujo enredo vai se ajustando e adaptando-se ao conceito global de segurança pública.
Apesar de sermos moldados por intermédio de um programa de capacitação continuada com o objetivo de agregar uma coleção de competências ao longo de nossa existência profissional, está faltando o quesito primordial e essencial da meritocracia justa aplicada pelos nossos gestores àqueles servidores dedicados e leais aos valores institucionais, para que se complete o ciclo de competência na gestão de pessoal.
Esse conceito mundialmente difundido resultará na retenção de talentos, alicerçado numa bem estruturada vida familiar, espiritual, social e profissional compondo assim, a energia e garra necessárias para resistir às ansiedades, pressão, dores, magoa, perdas, e por que não incluir neste caso também a frustração profissional em decorrência da desmotivação funcional.
Será que após anos de dedicação, teremos que ser questionados quanto à nossa lealdade ou competência profissional, obrigando-nos e se cobrando em ter que matar um leão todo santo dia, ou toda vez que muda o chefe?
Para isso insisto e repito, devemos incessantemente agir de acordo com a verdadeira essência da chamada RESILIÊNCIA! Por cultivar hábitos saudáveis diuturnamente aplicando-o em nosso dia a dia.
Se não houver o devido respeito aos princípios balizares de nossa instituição-mor, principalmente à Hierarquia=Experiência e Disciplina=Competência, aliados ao profissionalismo ético e moral, gerações de policiais com formação acadêmica de nível superior em razão da baixa resiliência, estarão deixando de obter o estímulo necessário e conhecimento prático a nível institucional optando em alijar-se do contínuo processo de mudança em andamento que está havendo nos últimos 25 anos de luta e incansável pela melhoria do sistema de segurança pública em nosso país.
A busca incessante de melhorias a nível pessoal, familiar e profissional dessa geração, irá deixar um legado negativo, difícil de reverter, por constatarem numa visão clara e objetiva de seus limites emocionais físicos, emocionais e profissionais que seus sonhos e ideais, foram ignorados, desrespeitados e massacrados pelo egoísmo e traição da causa policial.
Tenham a certeza que a sociedade irá cobrar essa fatura um dia, e assim como um Tsunami, será avassalador e destrutivo!
A maioria prefere se esquivar, optando ou deixando de submeter-se a uma rotina estressante, humilhante, desgastante e nociva no convívio com seus pares, permitindo ser colocado na mera condição de coadjuvante na tomada de decisões que lhe afetarão no futuro bem próximo no contexto da segurança pública em nosso país.
Devemos e temos a obrigação funcional de acreditar que de qualquer dificuldade ou risco enfrentado, sempre podemos tirar proveito e aprender alguma coisa em nossas vidas, deixando um legado o melhor para as gerações futuras.
Devemos como policiais agir conduzindo nossas vidas, norteando as nossas ações e atitudes de maneira altruísta e positiva na incessante busca das condições ideais para sair das inúmeras adversidades e situações difíceis, adquirindo uma transformação funcional melhor por ficar mais bem preparado do que era antes.
Isso ocorrerá porque temos a capacidade intuitiva de aprender com as falhas e os erros no acumular da experiência vivida agregando com o conhecimento novo adquirido!
Para podermos enfim, guardar em nossas mentes e corações ao final dessa longa e árdua caminhada vocacional, como leais servidores públicos que somos as palavras atribuídas ao apostolo Paulo:
“Combati o bom combate, completei a minha missão, guardando a minha fé!”
Por tudo isso e por causa do nosso juramento é que podemos e devemos gritar para a sociedade brasileira:
Não percam a fé em nós, Policiais do Brasil!!
Ruben Martins da Cruz Neto – Papiloscopista Policia Federal – Classe Especial. Instrutor da Academia Nacional de Policia, especializado em Polícia Marítima e membro efetivo do GEPOM/JOINVILLE/SC.
Comments are closed.