Na lista de concursos fraudados pela quadrilha que seria liderada pelo técnico judiciário Hélio Garcia Ortiz, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, pode estar incluído o da Polícia Federal, realizado ano passado em todo o País. A polícia suspeita que um dos membros do bando tenha violado o esquema para incluir um parente que foi aprovado no concurso para delegado. A aprovação teria custado R$ 30 mil.
A denúncia da fraude no concurso realizado pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), da Universidade de Brasília (UnB), é uma das investigações que policiais da Divisão de Combate ao Crime Organizado (Deco) estão desenvolvendo. Segundo informações chegadas à polícia, “concurseiros” teriam sido abordados por recrutadores da quadrilha com a oferta de venda do gabarito da prova.
A polícia sabe que um irmão de Ricardo Emílio Sposito, integrante da quadrilha, preso por determinação judicial, dia 23 do mês passado, quando foi deflagrada a Operação Galileu, teria passado no concurso para delegado da Polícia Federal, em Mato Grosso. As informações que os investigadores reuniram estão sendo cruzadas para identificação da fraude e sua dimensão.
Até ontem à tarde, a Deco tinha um grande volume de documentos com mais de 200 páginas sobre o concurso supostamente fraudado. A polícia sabe, também, que o esquema, liderado por Hélio Ortiz e integrado por mais 27 cúmplices, incluiu gente na Polícia Federal. Todos os suspeitos estão sendo investigados. Investigados.
Demissão
Se as investigações comprovarem a irregularidade, os envolvidos serão demitidos e vão responder por crime de estelionato, artigo 171 do Código Penal Brasileiro. A pena prevista vai até seis anos de prisão.
Procurado pelo Jornal de Brasília, o diretor da Divisão de Comunicação Social da Polícia Civil, delegado Miguel Lucena, não quis se pronunciar oficialmente. Ele disse que não poderia dar informações sobre o caso porque as investigações são reservadas, estando a cargo do Departamento de Atividades Especiais (Depate).
Segundo uma fonte da Polícia Civil, há muitos detalhes nas informações que os investigadores descobriram e precisam ser confirmadas. No entanto, a apuração encontrou indícios de que o concurso foi fraudado.
Agora, a polícia quer saber quem são os candidatos que se beneficiaram do esquema da quadrilha dos concursos em todo o País. Brasilienses fizeram exames em outros estados, foram aprovados e depois de tomar posse, procuraram Hélio Ortiz para intermediar a transferência para Brasília. Um dos casos teria ocorrido no Tribunal de Justiça do Pará, em 2002.
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