Fonte: Correio Braziliense
Organizado pelo Sindicato dos Servidores do Legislativo, evento aliou exercícios físicos à conscientização social
O esporte foi colocado na linha de frente do combate à corrupção. Ontem, cerca de mil corredores suaram a camisa na terceira edição da corrida e caminhada Venceremos a corrupção. O evento, uma parceria entre o Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal (Sindilegis) e o Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), une duas grandes bandeiras do brasiliense: a prática desportiva com a mobilização social contra os corruptos, sejam eles políticos ou não.
“A ideia de realizar a corrida é unir as pessoas em torno do tema. Especialmente em Brasília, onde o esporte está muito popular. Decidimos juntar o combate à corrupção ao esporte no Dia Internacional de Combate à Corrupção”, afirma Ziller Henrique, presidente do IFC. A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2003 e, há três anos, é lembrada na capital com essa manifestação diferente. Ziller apontou Brasília como o maior palco nacional anti-corrupção atualmente. Para ele, o processo de eliminação dessas práticas é de longo prazo, mas o brasileiro tem tido uma percepção cada vez maior sobre os próprios direitos e lutado por eles. “Evoluímos em dois níveis: em termos de consciência social e de arcabouço institucional, com leis mais severas”, finaliza Ziller.
O coordenador da Unidade de Governança e Justiça do Escritório Regional das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Rodrigo Vitória, deixou claro que todas as iniciativas que ajudam a mobilizar a população contra práticas corruptas são válidas e devem ser celebradas. Ele acredita que o cidadão tem, ano a ano, tentando deixar o país mais transparente. “O evento é importante para mostrar que a população brasiliense está atenta, que vai cobrar mais e os políticos terão que prestar atenção nisso.”
O auditor aposentado Pedro Arantes, 67 anos, garante que pratica corrida de rua desde 2008. “Luto contra a corrupção desde que me entendo por gente”, revela. Ele defende que as pessoas devem cuidar do dinheiro público como zelam pela própria saúde. “A mistura de protesto e prática de esportes é boa porque é uma forma de confraternizar e de lutar contra os corruptos.”
Madrinha da edição 2012 do evento, a atriz Maria Paula — que tem no combate à corrupção um dos temas mais recorrentes nas suas crônicas publicadas na Revista do Correio — acredita que, em tempos de Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil, nada mais pertinente do que unir os dois temas. “Quais as melhores formas de mobilizar a população? Com diversão, cultura e esporte. Esses são assuntos presentes nos dias de hoje”, explica a atriz. Para ela, 2012 foi um ano simbólico, no qual os brasileiros viram sua luta contra a corrupção ter resultados significativos. “Tivemos o julgamento do mensalão e a aprovação da Lei da Ficha Limpa, dois grandes avanços”, finaliza a atriz.
O campeão da Maratona de São Silvestre, campeão da Maratona de Berlin, medalhista pan-americano e recordista mundial nos 42 quilômetros, Ronaldo da Costa, também foi padrinho do evento e deixou claro: o esporte precisa passar longe da corrupção. “Luto contra essa prática dentro e fora das corridas. Vim de uma família humilde e tudo que consegui na vida foi com honestidade”, conta o atleta.
“O evento é importante para mostrar que a população brasiliense está atenta, que vai cobrar mais e os políticos terão que prestar atenção nisso”
Rodrigo Vitória, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
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