Daniel Ferreira/CB/16.11.05 |
Antonio Palocci e ideli salvatti: com a certeza da convocação do ministro da Fazenda pela CPI dos Bingos, petistas agora querem antecipar depoimento |
Daniel Ferreira/CB/17.11.05 |
Efraim Morais: “Convocação será aprovada por unanimidade amanhã |
“O senador Tião Viana (PT) e o senador José Jorge (PFL-PE) também participaram do entendimento. Acredito que a convocação será aprovada por unanimidade na reunião da CPI de amanhã”, adiantou. Efraim justificou o acordo com Palocci para acertar a data do depoimento com o argumento de que o ministro não poder ter a agenda atropelada pela CPI. “Palocci é um homem muito atarefado, não seria correto uma convocação repentina, sem prévio entendimento.”
Surpreendentemente, a tendência do PT não é trabalhar para evitar o depoimento, mas tentará antecipá-lo. Na opinião da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), essa é a forma de acabar com as ameaças da oposição, que a cada nova denúncia pensa em convocar Palocci. “Eu não tenho nenhuma dúvida de que haverá a sua convocação para a CPI dos Bingos.” O ministro da Fazenda deve ser chamado a prestar explicações sobre o suposto de esquema de corrupção em Ribeirão Preto, durante sua passagem à frente da prefeitura da cidade, nos anos 1990, segundo investigações feitas pelo Ministério Público paulista.
O relator da Comissão, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), quer que a data de comparecimento de Palocci seja definida amanhã, quando a convocação será aprovada para melhor organizar a agenda dos trabalhos. Ele descartou a convocação do irmão do ministro, Adhemar Palocci, envolvido no caso Interbrazil, motivo principal da irritação do ministro com os trabalhos da CPI. “Ninguém mais levantou esse assunto na comissão”, argumentou Garibaldi. A família do ministro chegou a pressioná-lo para deixar o cargo por causa das denúncias.
Desde o depoimento do ministro Palocci na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado — na última quarta-feira —, há um certo lusco-fusco na CPI: a oposição parece disposta a contemporizar com as denúncias e o PT já não está tão empenhado em defendê-lo. O ministro passa por um processo de fritura no governo. A ala liderada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, combate abertamente a política fiscal da equipe econômica e ataca o time da Fazenda. Dilma tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que trabalha para flexibilizar a política fiscal sem demitir Palocci.
Artilharia
Desde quando foi dada como certa a cassação do ex-ministro José Dirceu pela Câmara dos Deputados, a oposição concentrou a artilharia no ministro da Fazenda. Mas, ao eclodir o choque interno no governo, sustou o fogo contra Palocci. Os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) negociaram a antecipação da bem-sucedida ida do ministro à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para que ele pudesse se defender e, com isso, abrandaram a pressão contra ele. Os caciques do PFL e do PSDB não querem que a oposição seja responsabilizada pela queda do ministro, mascarando a crise entre a equipe econômica e o Palácio do Planalto.
O presidente Lula estaria predisposto a deixar de lado o arrocho fiscal para investir mais em infra-estrutura e serviços no próximo ano, quando disputará a reeleição. Um relatório elaborado por Dilma Roussef, fazendo uma avaliação da execução orçamentária deste ano, concluiu que a política de arrocho fiscal de Palocci era a principal responsável pelo fraco desempenho do governo em áreas consideradas estratégicas no plano eleitoral, como transportes, saúde e segurança pública.
Agenda lotada Da Redação Além de votar convocação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a CPI dos Bingos tem três depoimentos agendados para esta semana. Amanhã deve ser ouvido o presidente nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto. Ele teria pago uma dívida pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT, no valor de R$ 29.436,26, entre dezembro de 2003 e fevereiro de 2004. Nota divulgada pelo partido na época em que as informações foram veiculadas pela imprensa dizia que a dívida era relativa a despesas com viagens feitas em 2002. Na quarta-feira, a comissão toma o depoimento da empresária do ramo de transportes Rosângela Gabrilli, que tinha contratos com a prefeitura de Santo André, na gestão do prefeito assassinado Celso Daniel. A empresária denunciou ao Ministério Público que donos de companhias rodoviárias da cidade eram obrigados a contribuir para uma caixinha do PT. Ela apontou três responsáveis pelo esquema de cobrança: Sérgio Gomes Silva, o Sombra, o ex-secretário de Transportes Klinger Luiz de Oliveira e o empresário Ronan Maria Pinto — os três ouvidos na comissão na semana passada. Na frente de investigação que apura a renovação do contrato para gerenciamento lotérico entre a Caixa Econômica Federal e a multinacional Gtech, em janeiro de 2003, os integrantes da comissão ouvirão Hélcio Barbosa Cambraia Júnior na quinta-feira. Cambraia é suspeito de estar envolvido no esquema de tráfico de influência durante as negociações entre as duas empresas. |
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