Fonte: O Globo
Alimentos jogaram para o alto a inflação enquanto a economia perdia fôlego. Agora puxam os índices para baixo
Esta semana o IBGE divulga o índice oficial (IPCA) de julho confirmando um considerável recuo da inflação. Os alimentos, que foram os vilões da alta de preços durante doze meses, agora voltam a ser os salvadores da pátria. Outros índices de preços estão até registrando deflação. Não dá ainda para comemorar porque todos sabem que há vários reajustes represados nos chamados preços administrados, sendo o das tarifas de transporte público o mais notório. A economia brasileira é mesmo curiosa: a inflação disparou quando a demanda estava perdendo fôlego, e agora está caindo com o mercado um pouquinho mais aquecido.
Investidores em portos
O primeiro fundo a despertar para investimento em infraestrutura foi o FGTS. Mas na área privada vários outros estão crescendo de importância, como é o caso dos que estão sob administração da BRZ (criada pela GP Investimentos). Da BRZ surgiu a Logz, empresa de logística que controla ou participa de terminais portuários no norte de Santa Catarina, entre os quais o novíssimo porto de Itapoá. A Logz agora está mirando na construção de um terminal privado vizinho ao Porto de São Francisco, onde também já é uma das principais operadoras.
Mais café
Como não deu tempo para incluir na coluna da semana passada a visita à Fazenda Guaritá, em uma área do Rio Paraíba do Sul onde convergem os municípios de Rio das Flores, Valença e Vassouras, volto ao tema para sugerir que as autoridades estaduais responsáveis pelo meio ambiente redobrem o esforço de reflorestamento nessa região histórica. Entre o distrito de Sebastião Lacerda e Barão de Juparanã, (cuja antiga e bela estação ferroviária, outrora terminal de passageiros, aguarda desde 2009 uma prometida restauração), há uma estrada razoável que acompanha o Rio Paraíba. E junto segue a centenária linha férrea utilizada pela MRS. É uma zona essencialmente rural, com um pequeno distrito industrial em Juparanã. Pelo caminho são vistas antigas fazendas não restauradas, algumas ainda com criação de gado e cavalos. Em uma delas (Santa Mônica), o Duque de Caxias se recolhera, enfermo, e lá faleceu, em 1880.
Os morros desmatados desde os tempos do café servem de pasto desde então, mas hoje já poderiam estar com os topos reflorestados. Alguns fazendeiros têm feito isso por iniciativa própria, com mudas provenientes do Noroeste Fluminense. Como o fornecedor é o governo estadual, tais iniciativas poderiam ser multiplicadas.
A Guaritá vem sendo restaurada há 15 anos pelo atual proprietário, Omar Perez, que é de uma família mineira com tradição na pecuária. Perez, que tomou impulso na navegação e na construção naval, agora investe no entretenimento e mercado imobiliário (vai construir um apart-hotel na Avenida Atlântica). A Guaritá foi a última das fazendas com sede imponente que chegou a ser concluída no Vale do Café. A casa principal só foi inaugurada em 1875, quando a atividade cafeeira começava a dar sinais de decadência financeira no Vale. O Barão de Ipiabas a construiu para um de seus filhos. A antiga senzala hoje abriga 25 suítes. Perez adquiriu uma pequena locomotiva inglesa que circula por um trecho da área de lazer da fazenda. O apito da locomotiva fazia coro com a plateia nos aplausos ao grupo que se apresentou lá, no Festival Vale do Café, tocando músicas do Clube da Esquina (Milton Nascimento, Fernando Brant, Márcio e Lô Borges, Toninha Horta), liderado pelo guitarrista carioca Ricardo Silveira, com a cantora potiguar Liz Rosa. Foi um privilégio assisti-los naquele ambiente. Ano que vem (segunda quinzena de julho) tem mais.
Manifestações
Na primeira das manifestações violentas no Rio, em junho, um jovem comerciante teve a sua loja depredada e saqueada no centro da cidade. Perdeu dois mil pares de sandálias de borracha. Os saqueadores picharam em uma das paredes “Abaixo a ditadura” (????) e levaram até a máquina impressora de notas fiscais. Obrigado a registrar o roubo no Diário Oficial, o jovem comerciante teve ainda de pagar R$ 1.600 para tal, mesmo com todo o prejuízo que sofreu, não ressarcido pelo seguro, pois a apólice não cobre perdas por atos de vandalismo.
O pior é que muitos que apoiaram os manifestantes acham que foi a violência que chamou a atenção da mídia e dos políticos.
Se manifestações diárias, seguidas de depredações, dessem resultado objetivo ou fizessem milagre, a Grécia não estaria mais em crise.
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