Mário Coelho
A deputada distrital Erika Kokay (PT) pretende apurar o vazamento do depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa, autor das denúncias que resultaram na Operação Caixa de Pandora, em 27 de novembro passado. Na última quinta-feira (29), a petista interrogou Barbosa na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, como parte das oitivas no processo por quebra de decoro parlamentar da parlamentar Eurides Brito (PMDB).
O vazamento veio à tona no domingo, em matéria do portal G1, que obteve as declarações do ex-secretário a Kokay. Nele, Barbosa afirmou que participou do desvio de um montante de R$ 160 milhões em um esquema comandado pelo ex-governador José Roberto Arruda, considerado pelo Ministério Público Federal (MPF) como chefe do mensalão local. Para a petista, que relata o caso de Eurides na Comissão de Ética, é preciso apurar como o depoimento chegou às mãos da imprensa.
Chegar ao autor do vazamento pode não ser tarefa fácil. Apesar da exigência de Barbosa de somente falar com Kokay, o depoimento passou por várias mãos. Foi entregue a dois distritais – Raimundo Ribeiro (PSDB) e Paulo Roriz (DEM) -, que assinaram um documento de confidencialidade. Também foi encaminhado para a defesa do ex-secretário de Relações Institucionais, ao Ministério Público e à Polícia Federal. Além disso, estava na seção de taquigrafia da Câmara Legislativa para correção e ajustes da oitiva.
Em depoimento que durou quase duas horas, Kokay ouviu de Barbosa que o esquema de propina começou em 2002, durante o governo de Joaquim Roriz (1999 a 2006). “Em 2002, final de 2002, após o Roriz ser vencedor da campanha, eu fui procurado pelo Arruda, que pediu autorização, na minha frente, ligou para o Roriz e pediu autorização para falar comigo. Ele (Roriz) falou: “pode fazer”. Em 2002, final de 2002, novembro, e a partir dali nós começamos a estreitar uma relação aonde ele (Arruda) começou a comandar, mesmo, da forma que foi”, disse ele a Kokay, de acordo com o G1.
À deputada, Barbosa afirmou que deixou de fazer os pagamentos quando Arruda assumiu o GDF em janeiro de 2007. Segundo ele, o dinheiro que recebia de propina era repassado para que outras pessoas fizessem o pagamento. “Os documentos estão todos dentro dos autos. Havia uma prestação de contas deste tamanho. A prestação de contas de, entre 2003 e 2006, 60 milhões destinados pelo Arruda. Está aí meu depoimento. Eu falei: vamos acabar com a hipocrisia. Passou pela minha mão, de tanto tempo, tanto tempo, R$ 60 milhões. Nada menos. De 2007 a novembro de 2009, R$ 100 milhões”, afirmou o delator no depoimento.
Segundo o blog da jornalista Ana Maria Campos, o ex-secretário afirmou que o PT também tem pecados. Disse que a parlamentar possui “vida limpa”, mas que vários integrantes do partido estão envolvidos em irregularidades do ex-governador. “Não se vanglorie muito. Cuide de você, porque você eu conheço. Você eu sei que… Você tem sua vida limpa. Eu inclusive andei mandando uns recados pra você, mas têm muitos pecados dentro do seu partido. Muitos. Inclusive nesse governo”, disse Barbosa, sem entrar em detalhes sobre o envolvimento de petistas no mensalão do Arruda.
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