Fonte: O Globo
Pergunte ao advogado Olivier Wasmer, ex-político da Suíça – um dos países mais ricos do mundo -, o que ele ganhou de privilégio durante os seus quatro anos de mandato como deputado no cantão de Genebra, entre 2005 e 2009.
– Ganhei entrada grátis TPG (sigla para Transporte Público de Genebra) e direito a colocar meu carro de graça no estacionamento Saint Antoine, mas só nos dias de sessão (do parlamento local). É chocante para um político suíço ver o tipo de vida e as enormes despesas de representação dos políticos brasileiros ou franceses – comenta.
Na Suíça, é comum ver um ministro ou deputado num ônibus ou num trem. E a regra vale para todos: helicóptero, só quando não houver outro jeito.
Nos grandes deslocamentos, entre o trem e um helicóptero, a praxe é sempre escolher a primeira opção. Segundo Wasmer, autoridades suíças precisam de autorização de órgãos competentes para utilizar helicópteros. Em 2001, uma polêmica estourou no país quando se descobriu que a conselheira federal Ruth Meztler (então uma das sete ministras que governam o país) usou regularmente um helicóptero das Forças Armadas para se deslocar de Berna (capital suíça) para Appenzell, seu cantão, nos fins de semana.
Mais recentemente, o magistrado Pierre Maudet, conselheiro de estado em Genebra, foi obrigado a explicar por que usou um helicóptero das Forças Armadas para ir a Davos, em janeiro. Foi uma viagem a trabalho, mas que custou 10.600 francos suíços (cerca de R$ 25,2 mil) no lugar de 425 francos suíços (cerca de mil reais), o custo de um lugar na primeira classe do trem. Quando o uso é privado, a polêmica é maior ainda :
– Um autoridade não pode usar como quiser benefícios do cantão ou da confederação (Confederação Suíça, o governo federal). Se uma autoridade usa carro oficial ou helicóptero sem autorização, isso pode acabar numa denúncia judiciária – explica Wasmer.
A vizinha França, bem menos criteriosa nos gastos, se viu às voltas com várias polêmicas sobre gastos dos ministros. Em 2010, o então presidente Nicolas Sarkozy anunciou uma série de normas: ministros seriam obrigados a privilegiar o uso de trem em seus deslocamentos no país, a se hospedar nas embaixadas da França no exterior para não gastar com hotéis, a reduzir o número de assistentes a 20 pessoas no máximo, além da suprimir o uso de carros oficiais.
Comments are closed.