Fonte: O POVO
O sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da UFC, Marcos Silva, aponta diferentes fatores para o aumento dos índices de violência no Ceará: desigualdade social; políticas públicas de educação, saúde, juventude e de moradia que não estão “sintonizadas com a realidade social”; morosidade do Judiciário; e aposta, cada vez mais, na militarização da Polícia. Além disso, ele diz que “a investigação dos homicídios é precária no Ceará”.
Assim, mesmo com o aumento nos investimentos em segurança na área de segurança pública, os resultados ficam abaixo do esperado, avalia o pesquisador, que também critica a falta de diálogo do Governo com outros setores da sociedade.
“Com uma política de segurança fechada como a do governador Cid, o efeito é exatamente essa taxa de criminalidade altíssima na nossa cidade. Quando não há uma participação coletiva, de abertura para diálogo, é sinal de que o caminho está totalmente errado”, afirma Marcos Silva.
Em relação ao programa Ronda do Quarteirão, o professor analisa que houve uma desvirtuação do projeto, que tinha o objetivo de focar no conceito de polícia comunitária. “(isso aconteceu) porque nasceu de um projeto político… Vícios e práticas da cultura policial se imiscuíram no projeto do Ronda, como várias formas de violência policial e despreparo (dos agentes)”, pondera.
O professor cita como experiências bem-sucedidas as cidades de Medellín e Bogotá, na Colômbia. “Até a década de 90, os índices eram de mais de 30 homicídios por 100 mil habitantes.” Porém, o governo colombiano conseguiu reverter o quadro com adoção de políticas públicas, reconfiguração no modelo de policiamento e combate ao tráfico de drogas.
(Geimison Maia)
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