Fonte: O Estado de São Paulo
A presidente Dilma Rousseff disse à rede gaúcha RBS que agentes brasileiros “não cometeram ilegalidade” ao monitorar, em 2003 e 2004, diplomatas da Rússia e do Irã – e que aquelas ações foram diferentes da espionagem da NSA Ela afirmou que o cancelamento de sua viagem aos EUA só seria revisto se houvesse pedido de desculpas e garantias do fim da espionagem.
Para presidente, não faz sentido comparar o caso dos diplomatas de Irã e Rússia no País com as ações da NSA americana
A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que os agentes brasileiros anão cometeram nenhuma ilegalidade” ao monitorar, em 2003 e 2004, diplomatas da Rússia e do Irã – e que aquelas ações foram diferentes da espionagem praticada por funcionários do governo dos EUA que invadiram e-mails e captaram conversas telefônicas do governo brasileiro.
Em entrevista à rede gaúcha RBS, em Brasília, a presidente sustentou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não violou privacidade: apenas acompanhou os movimentos de estrangeiros suspeitos de estarem interferindo em negócios brasileiros. “É previsto na legislação brasileira e não cometeram nenhuma ilegalidade”, disse ela, fazendo coro com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. aSe cometessem ilegalidades, seríamos obrigados a afastar as pessoas envolvidas”, acrescentou.
Dilma ressaltou, na entrevista, que a visita de Estado que faria em outubro aos Estados Unidos foi cancelada por causa da espionagem feita pela Agência Nacional de Segurança (NSA) e porque não houve um pedido formal de desculpas.
Sobre remarcar a viagem, Dilma evitou uma resposta direta: “A discussão que derivou dessas denúncias nos levou à seguinte proposta para os Estados Unidos: só tem um jeito de a gente resolver esse problema. É se desculpar pelo que aconteceu e dizer que não vai acontecer mais. Não foi possível chegar a esse termo”, disse. E justificou: manter a reunião com o presidente Barack Obama poderia gerar desconforto em caso de novas denúncias. “Ninguém sabe o que o Snowden tem”.
“Constrangido”. Dilma disse não acreditar que se possa atribuir a Obama a responsabilidade pelo cancelamento da viagem. “Acho que ele ficou bastante constrangido (…) Acredito que, como não é só com o Brasil, não seria possível um tratamento específico. Eles teriam que fazer o mesmo com todas as nações amigas”.
Insistiu, na entrevista, que a espionagem de e-mails privados e ligações telefônicas não tem a justificativa de combate ao terrorismo porque foi feita em países considerados amigos. E considerou “inadmissível” aceitar a espionagem na Petrobrás.
Mesmo com a viagem desmarcada, destacou que as relações com os EUA permanecem inalteradas. “Não há interrupção de relações (…), mas não é possível que países amigos não levem em consideração que não é adequado espionar presidente”.
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