O diretor da Agência Brasileira, Paulo Lacerda, foi à CPI dos Grampos na semana passada para tentar salvar o emprego – ameaçado desde que se descobriu que seus arapongas participaram clandestinamente da Operação Satiagraha, na qual a Polícia Federal prendeu o banqueiro Daniel Dantas.
Sete dias depois da operação, Lacerda divulgou uma nota onde nega o envolvimento de seus espiões no caso. Sem constrangimentos diante dos deputados, ele mudou radicalmente a versão e admitiu a participação de seu pessoal como “uma colaboração informal” – um eufemismo para ilegal –, repetindo a explicação torta dada antes pelo delegado Protógenes Queiroz, o responsável pela operação.
Apesar das evidências de que os investigadores recorreram a expedientes criminosos, como escutas clandestinas, Lacerda garantiu que seus arapongas realizaram apenas tarefas prosaicas nas dependências da Polícia Federal, como pesquisar endereços na internet.
Na tentativa de se distanciar do caso, Lacerda garantiu aos deputados que não manteve contato com o delegado Protógenes, quando são notórios os inúmeros encontros que os dois tiveram nos últimos meses. Disse que soube da tal “colaboração” por um subordinado e que achou “as medidas corretas”. Mais uma vez a inação dos deputados que o interrogaram beirou a conivência.
Lacerda estava entre amigos e saiu rindo. O depoimento transcorreu em um clima de camaradagem, em que havia troca de piadinhas e sorrisos entre Lacerda e o presidente da CPI, o deputado Marcelo Itagiba. Também delegado federal, ele é colega do diretor da Abin. No fim do melancólico espetáculo, Itagiba se disse convencido da retidão de Lacerda e ainda parabenizou o amigo. O emprego do diretor da Abin, por enquanto, está garantido.
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