Fonte: Correio Braziliense
Segurados do INSS ampliam os débitos em 11,5% ao longo de 2012, comprometendo boa parte da renda. Riscos de golpes aumentam
Apesar de registrar queda nos últimos meses, o crédito consignado contratado por aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com os bancos fechou 2012 com um crescimento de 11,5%. No período, os segurados pegaram R$ 31,6 bilhões com as instituições financeiras — mais de quatro vezes o valor obtido no primeiro ano de funcionamento desse tipo de crédito, em 2006, de R$ 7,4 bilhões. Em 2011, eles se endividaram em R$ 28,4 bilhões. Os dados foram divulgados ontem, pela Previdência Social.
Em dezembro do ano passado, no entanto, os empréstimos com desconto em folha totalizaram R$ 2,2 bilhões, queda de 3,17% em relação ao mesmo mês de 2011. Em comparação com novembro de 2012, quando os aposentados e pensionistas pegaram R$ 2,61 bilhões nos bancos, a redução foi de 14,97%. O recuo no financiamento de novembro para dezembro pode ser explicado, em parte, pelo recebimento do 13º salário. Com mais dinheiro no bolso, os segurados precisaram menos dos financiamentos.
Quando se fala em quantidade de contratos, a diferença é pequena de um ano para o outro. Foram 10.267.233 acordos em 2012 ante 10.536.119, no ano anterior — o que representa encolhimento de 2,62%. Mas, enquanto esse número diminuiu, o valor deles aumentou R$ 3,2 bilhões no período de 12 meses, o que se justifica na ampliação do poder de compra dos segurados ao longo do ano. Só o salário mínimo subiu 14% em 2012, percentual que foi acompanhado pelo piso previdenciário.
Por faixa salarial
Em número de operações, foram registrados no último mês do ano 613.211 contratos, 12,33% menos que o verificado no mês de novembro (699.211). Comparando com dezembro de 2011, houve diminuição de 13,81% (711.467 empréstimos).
Segundo a Previdência Social, os segurados que ganham até um salário mínimo por mês conseguiram, em dezembro, R$ 920 milhões nos bancos. Em média, cada um contratou R$ 2,6 mil de empréstimo pessoal. Os aposentados e pensionistas com renda de um a três salários mínimos se endividaram, no mês, em mais de R$ 733 milhões. O valor médio individual foi de R$ 3,9 mil.
Já na faixa de renda mais alta, acima de três salários mínimos, o financiamento médio foi de R$ 7 mil, com os segurados pegando nos bancos R$ 569 milhões. Quase 85% dos empréstimos referem-se a parcelados entre 49 e 60 meses. Os segurados com idade entre 60 e 69 anos foram responsáveis por 38,97% das solicitações aprovadas.
Cuidados nunca são demais
Apesar de o número de reclamações que chegam à Previdência Social referentes a problemas com os empréstimos consignados ser pequeno — apenas 0,4% —, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) alerta os segurados para que não caiam em golpes. É comum, por exemplo, casos de pessoas que deixam o cartão para saque do benefício com alguém da família, que, por conta própria, sem que o titular saiba, contrata o financiamento. Outra reclamação frequente é a de que os bancos, muitas vezes, demoram a excluir o segurado da lista de devedores, mesmo quando o empréstimo já tenha sido quitado.
A primeira providência para evitar irregularidades é jamais emprestar o cartão nem fornecer a senha dele a terceiros. Recomenda-se também não aceitar intermediários na negociação. Outra dica é lembrar que o Conselho Nacional de Previdência Social estabeleceu um teto para os juros que os bancos podem cobrar de aposentados e pensionistas no crédito com desconto em folha — hoje, de 2,14% ao mês para o empréstimo pessoal e de 3,06% ao mês para o cartão.
A margem consignável, que é o valor máximo da renda que pode ser comprometida com a parcela do empréstimo, não pode ultrapassar 30% do valor do benefício recebido. O número máximo de parcelas permitido por lei é de 60 meses. Na página da Previdência Social na internet (www.previdencia.gov.br), o segurado encontra a relação de todos os bancos conveniados e das respectivas taxas cobradas no financiamento. A Previdência também avisa que é proibida a contratação de empréstimos e a cobrança da Taxa de Abertura de Crédito (TAC) ou qualquer outra por telefone.
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