O doleiro Antonio Oliveira Claramunt, conhecido como Toninho da Barcelona, disse, no depoimento que presta aos integrantes da CPI dos Correios, “saber coisas” de operações financeiras que teriam sido realizadas pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pelo deputado federal e ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo deputado federal José Janene (PP-PR).
A informação foi confirmada à Agência Estado pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC) e pelos deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Pompeu de Mattos (PDT-RS). “Ele não diz se as operações são de remessa de divisas, de triangulação ou de repasses diretos do exterior para as contas. O doleiro disse que só revelará tudo em audiência pública da CPI dos Correios em Brasília”, disse Pompeu de Mattos.
Segundo o deputado federal Eduardo Paes (PSDB-RJ), que concede coletiva na Delegacia-Geral da Polícia Civil, o doleiro afirmou que tem dados sobre diversas operações do Banco Rural realizadas até março de 2005, do MTB Bank, que segundo ele servia a operações não só de políticos, como de diversas personalidades brasileiras.
O tucano disse também que o doleiro estaria disposto a falar sobre operações da Bônus Banval. De acordo com Paes, Barcelona disse que o deputado federal José Mentor (PT-SP) realizou troca de dólares com ele e que teria informações de operações realizadas pelo deputado federal José Dirceu (PT-SP), em conjunto com a Bônus Banval. Segundo Paes, Barcelona deixou claro que seu objetivo é negociar uma “delação premiada” e relatou “o tempo todo” episódios de maus tratos sofridos na prisão.
Lista de petistas
O doleiro revelou que o MTB Bank opera realizando remessa de dólares para diversos políticos brasileiros desde 1985. Segundo o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), Barcelona informou que a CPI do Banestado não agiu com precisão ao investigar o banco internacional. “O MTB, ele acha, é uma caixa preta que está fechada e precisa ser aberta”, afirmou.
De acordo com o relato da senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), o doleiro disse que ao abrir esta “caixa preta” do MTB, também se vai chegar ao presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e ao BankBoston. Segundo ACM Neto, Barcelona afirmou que, em depoimento na CPI dos Correios, vai entregar a lista de políticos petistas que o procuraram entre 2002 e 2003 para vender dólares. A entrega dos nomes não está condicionada ao acordo de “delação premiada”, que Barcelona tenta junto ao Ministério Público.
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