Pedro Dantas, do Estadão
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A cena foi flagrada pela reportagem do Estadão, que registrou em fotografias a abordagem ao empresário, dono de uma casa de câmbio e turismo. Ele resistiu com socos e tapas às investidas dos supostos agentes. Ao perceberem a presença do fotógrafo, os bandidos deixaram o empresário e levaram os cerca de R$ 30 mil que estavam com ele, além de seu automóvel.
O diretor executivo da PF, Zulmar Pimentel, informou ao Estadão que, numa investigação preliminar, não foram identificados entre os criminosos nenhum agente federal. Ele disse ainda que não estava prevista nenhuma operação oficial da PF na Barra da Tijuca na tarde desta quarta. Pimentel informou que a polícia continua trabalhando no caso, para identificar os homens.
De acordo com o relato do empresário, o crime, ocorrido na Avenida Armando Lombardi, a principal rua comercial da Barra, começou a ser tramado pela manhã. Foi quando um funcionário de sua empresa recebeu o telefonema de um homem, que se identificou como vendedor da concessionária Ago Veículos, de nome Fernando.
O impostor disse que um cliente precisava trocar US$ 15 mil, para a compra de um veículo da marca Mercedes-Benz. Em seguida, o funcionário da casa de câmbio ligou para a concessionária e confirmou a existência de um vendedor chamado Fernando.
Apressado, o rapaz não conversou diretamente com o suposto vendedor e passou imediatamente a transação a um dos sócios da firma. Ele pegou a quantia solicitada em reais e partiu para a concessionária, levando consigo boletos do Banco Central necessários para fechar o negócio.
O Estadão conversou com o vendedor. “Não fechei nenhum negócio como esse. Não chamei casa de câmbio”, afirmou. Foi o que o empresário ouviu ao chegar à concessionária. “Ninguém sabia de venda nenhuma. Gelei e pensei que entrariam lá e me assaltariam. Olhei para os lados, mas não vi nada estranho. Peguei o carro e dirigi rapidamente até a firma, ainda com medo”, contou.
Na Avenida Armando Lombardi, um Honda Civic preto, modelo CLX, placa JMS- 2200, com um giroscópio ligado no teto, emparelhou com o carro do empresário, uma Tracker Chevrolet prata. “Eles disseram: 'pára, que é Polícia Federal' e mostraram distintivos e armas. Eu me assustei, mas decidi parar”, relatou.
Ao sair do carro, o empresário recebeu “voz de prisão” dos supostos policiais: “Eles disseram que eu estava sendo preso por lavagem de dinheiro. Achei estranho, porque sei que não estou sendo investigado por nada. Reagi e eles disseram: 'quer morrer, meu irmão?'”, revelou. A partir desse momento, ele entrou em luta corporal com os homens, e chegou a ter mão direita algemada.
Uma equipe de reportagem do Estadão, que se preparava para almoçar num restaurante próximo ao local, estranhou a movimentação e se aproximou. Ao chegar mais perto, o fotógrafo pensou que se tratava de uma operação da PF. Ao perceberem sua presença, os criminosos largaram o empresário, ainda de algema na mão, e fugiram. Um dos homens levou o carro dele com o dinheiro e os boletos do Banco Central.
Ele deu queixa na delegacia da Barra da Tijuca. O automóvel dele, com um celular no banco dianteiro, e o Honda Civic foram localizados na Avenida General Guedes da Fontoura, a menos de um quarteirão do local da abordagem, pelo mesmo funcionário da empresa que fechou a transação com os falsários.
Até as 19h30, a polícia ainda realizava perícia no veículo. “Nunca tinha visto isso na região. Pode ser um crime praticado por policiais federais, militares ou civis e até mesmo por bandidos comuns fantasiados”, disse o delegado Carlos Augusto Pinto.
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