Fonte: Zero Hora
A primeira reação do deputado José Genoino (PT-SP) ao receber a ordem de prisãoemitida pelo ministro Joaquim Barbosa foi reafirmar inocência, dizer que foi condenado sem provas e se declarar um “preso político”. Genoino era presidente do PT à época do mensalão e seu papel foi de “esquentar” empréstimos frios, feitos pelo Banco Rural para justificar o repasse de montanhas de dinheiro ao partido. Genoino assinou como avalista de empréstimos milionários, apesar de ser um sujeito reconhecidamente pobre, que não teria como cobrir uma ínfima parte do suposto financiamento, caso o PT não pagasse.
Não há provas nem mesmo indícios de que Genoino tenha se beneficiado pessoalmente do mensalão. Pelo contrário: continuou levando uma vida modesta e nem mesmo fez exibições de prosperidade, como o ex-tesoureiro Delúbio Soares, que assumiu a responsabilidade pelos empréstimos fajutos. Não recebeu uma Land Rover, como Silvio Pereira, nem apareceu na lista dos que iam ao shopping Brasília receber mesada do Banco Rural. Genoino, José Dirceu e os outros réus estão revoltados porque, justo na vez deles, o Supremo Tribunal Federal quebrou a tradição de não condenar ninguém.
É mesmo difícil para Genoino aceitar esse desfecho para sua carreira política e ver o colegaPaulo Maluf (PP) circulando livre, leve e solto, a despeito de tudo o que o Ministério Público levantou sobre seus malfeitos. Maluf não pode sair do país porque corre o risco de ser preso pela Interpol, mas dá expediente no Congresso e é um dos expoentes do Partido Progressista.
O Supremo de hoje não pode passar a mão na cabeça dos acusados de corrupção em nome da isonomia de tratamento dado pelo Supremo de ontem. A maioria dos ministros que absolveu Fernando Collor, apesar de todos os furos na sua defesa, já se aposentou. Os tempos são outros, um erro não justifica o outro e o país cansou da impunidade.
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