Rio Grande do Sul terá curso inédito de Bacharelado em Segurança Pública
Fonte: SINPEF/RS
O Bacharelado em Segurança Pública no Rio Grande do Sul será o segundo do Brasil e é resultado do projeto apresentado pelo SINPEF/RS no ano passado à reitoria da Pontifícia Universidade Federal do Rio Grande do Sul – PUCRS.
Diante da complexidade crescente da criminalidade, e para fazer frente à escalada da violência em nosso país, as palavras de ordem que se impõem aos operadores da Segurança Pública são “profissionalismo e qualificação”. Nesse contexto, o SINPEF/RS, no sentido de contribuir para o aprimoramento da formação profissional e para a capacitação permanente dos policiais, acalenta um velho sonho de ver no Rio Grande do Sul um curso de graduação em segurança pública, capaz de dar aos operadores desse setor o preparo que o ofício necessita.
Assim, o SINPEF/RS apresentou, no ano passado, o projeto do curso à reitoria da Pontifícia Universidade Federal do Rio Grande do Sul – PUCRS , o qual foi muito bem recepcionado, tendo sido aprovada recentemente a criação do Bacharelado em Segurança Pública no Rio Grande do Sul, um curso inédito em nosso Estado.
O Bacharelado em Segurança Pública também é oferecido pela Universidade Federal Fluminense que formou sua primeira turma no mês de julho passado, em Niterói/RJ. No Rio Grande do Sul, sua duração será de quatro anos e contará com duas turmas de 30 alunos (manhã e noite), o que certamente dará um salto de qualidade para um setor que tem preocupado a todos.
Histórico e realidade
A falta de planejamento e de políticas públicas para as questões relacionadas à segurança pública é um dos fatores que tem contribuído para o avanço da violência no Brasil. Mas como imprimir um regime planejado e estruturado se os operadores continuarem a atuar de forma amadora e tendo apenas o empirismo como lastro a orientar suas atividades?
Assim como a medicina foi criada para formar médicos; o direito, para os advogados; a psicologia, para os psicólogos; a administração, para os administradores; as ciências aeronáuticas, para pilotos; as ciências policiais foram criadas para formar policiais.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a qualificação profissional dispensada aos policiais é tratada com enorme prestígio. Prova disso é a existência de 61 grandes universidades oferecendo cursos na área de justiça criminal ou ciências policiais. Os Estados de Nova Iorque e do Texas contam com as instituições de ensino superior de maior prestígio na área policial, o John Jay College of Criminal Justice da City University of New York (bacharelado, mestrado e doutorado em justiça criminal) e o College of Criminal Justice da Sam Houston State University (bacharelado, mestrado e doutorado).
Tratativas
Desde o início de 2015, e com essa intenção, o Sindicato tem estreitado parcerias com o mundo acadêmico, em especial com a PUCRS, através do professor doutor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, coordenador do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais e importante colaborador nas iniciativas do movimento sindical junto ao meio acadêmico. Essa parceria já resultou na promoção de dois Simpósios Nacionais sobre a Reforma do Sistema de Segurança Pública, além de terem sido realizados inúmeros debates e fóruns para tratar de estratégias capazes de frear a violência no Brasil.
No ano passado, o SINPEF/RS trouxe ao Estado os coordenadores do Bacharelado em Segurança Pública da UFF/RJ, que explanaram acerca do currículo do curso e das perspectivas para o mercado de trabalho.
Aos poucos tomava corpo a ideia de que Segurança Pública não é um tema para ser tratado e aprofundado apenas por juristas, mas que requer uma formação específica envolvendo também seus operadores. Para nossa satisfação, em reunião realizada com o professor Rodrigo Ghiringuelli de Azevedo, no último dia 27 de julho, na sede do SINPEF/RS, tivemos a confirmação de que o primeiro processo seletivo para o Curso de Bacharelado em Segurança Pública da PUCRS será realizado já em janeiro de 2017.
Disciplinas
Atualmente, estão sendo feitas definições sobre a grade curricular do curso. Além de disciplinas básicas obrigatórias e de outras já propostas pela Universidade,com base no Direito, na Sociologia, na Administração, na Psicologia, etc., está sendo estudada a possibilidade de inserção de outras disciplinas específicas como Segurança Privada, Vigilância Eletrônica (Tecnologia, Informação e Comunicação em Segurança Pública), Gerenciamento de Crises, Preservação e Valorização da Prova, Uso Legítimo (seletivo) da Força, Inteligência e Segurança Pública, Investigação Criminal e Defesa Civil.
Importância e objetivo
O presidente do SINPEF/RS, Ubiratan Antunes Sanderson, reiterou que a intenção é suprir a lacuna existente numa área tão cara aos brasileiros, dando-se mais um passo rumo à reforma do atual e saturado sistema de Segurança Pública: “É imperativo construir um novo modelo de segurança pública, lastreado na defesa das garantias individuais e coletivas dos cidadãos. Impossível ser uma polícia eficiente sem antes atender aos anseios da sociedade. Oferecendo uma formação acadêmica séria e responsável para os operadores do sistema as chances de vencermos a escalada crescente da violência aumentará.
O arcaico e ultrapassado modelo policial adotado há mais de 200 anos no Brasil, tanto nas polícias militares, quanto nas polícias civis, calcado fundamentalmente no empirismo e na improvisação, não se coadunam com os padrões das melhores instituições policiais estrangeiras, nas quais a garantia de direitos e a aplicação da lei são rigidamente respeitados”.
O bacharel em Segurança Pública será um especialista no setor, preparado para elaborar programas e políticas, a partir do entendimento e do diagnóstico dos conflitos sociais. Ele terá uma formação que o capacitará a assumir o papel imprescindível de saber lidar com os problemas que assolam o setor, através do entendimento do fenômeno social da violência, levando em consideração os interesses da sociedade. “De posse do diagnóstico possível e a partir de conhecimentos sobre gestão, o bacharel em Segurança Pública também poderá intervir de forma eficiente para buscar transformações consistentes”.
O sociólogo Rodrigo Azevedo destaca que o curso surge em um momento extremamente oportuno em que as práticas institucionais precisam ser reformuladas frente as demandas sociais que se impõem. “Precisamos qualificar o sistema de Segurança Pública através do conhecimento ”, destaca com propriedade o professor Rodrigo que também é Membro do conselho de administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
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