Fonte: Agência Sindipol/DF
Parece piada, mas é Brasil. No Piauí, gansos foram “convocados” para impedir a fuga de presos da Penitenciária Regional Luiz Gonzaga Rebelo, segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários, devido à falta de efetivo de policiais. Para agravar a situação, o local tem capacidade para 127 presos, mas recebe 300. Na Suécia, a realidade é bem distante. Em 2013, de acordo com o então diretor de Serviços Penitenciários e de Liberdade Vigiada suecos, Nils Oberg, quatro presídios foram fechados por falta de presos. O problema da superlotação é constante aqui e só evolui. Entre 2011 e 2012, a queda da população carcerária sueca chegou a 6% ao ano e a solução com foco na reabilitação. A média mundial de encarceramento é de 144 presos por cada 100 mil habitantes, conforme o Centro Internacional de Estudos Penitenciários. No Brasil, essa quantia sobe para 300. Temos cerca de 574 mil pessoas presas em todo o País (superior à população de Luxemburgo e Roraima) e somos a quarta população carcerária do mundo. Seguimos fechando mais escolas e construindo mais presídios – entre 1994 e 2009, houve queda de 19,3% no número de escolas públicas, enquanto, no mesmo período, o número de presídios aumentou 253%, como indicam os dados do IPEA. O Brasil ainda é um país sem prioridades.
Enquanto gansos nos protegem a Suécia fecha presídios
O país europeu tem queda considerável no número de presos e ressalta o foco na reabilitação
Recentemente, foi noticiado que, no Piauí, gansos foram “convocados” para impedir a fuga de presidiários da Penitenciária Regional Luiz Gonzaga Rebelo, segundo o Sindicato dos Agentes Penitenciários, devido à falta de efetivo de policiais. Para agravar a situação, o local tem capacidade para 127 presos, mas recebe 300. Em todo o estado, há 2.108 vagas em prisões, mas são acomodados 3.550 presidiários.
Na Suécia, a realidade é bem distante. Em 2013, de acordo com o então diretor de Serviços Penitenciários e de Liberdade Vigiada suecos, Nils Oberg, quatro presídios nas cidades Aby, Haja, Bashagen e Kristianstad foram fechados por falta de presos. A queda da população carcerária sueca caiu 1% ao ano, desde 2004, e 6%, no período entre 2011 e 2012. A cada 1.956 cidadãos desse país, apenas um está preso.
O diretor Oberg atribuiu a queda na taxa aos investimentos e trabalho pela reabilitação dos presos e que visam a prevenção da reincidência no crime. Além disso, desde 2011, uma decisão do supremo tribunal da Suécia aplica sentenças mais tolerantes aos delitos relacionados às drogas. Entre 2004 e 2012, o número de presos por esses crimes caiu 25%.
Já por aqui, o problema da superlotação é constante e só evolui. A média mundial de encarceramento é de 144 presos por cada 100 mil habitantes, conforme o Centro Internacional de Estudos Penitenciários. No Brasil, essa quantia sobe para 300. São cerca de 584 mil detentos em todo o país (superior à população de Luxemburgo e Roraima) e somos a quarta população carcerária do mundo, com o equivalente a 274 presos por 100 mil habitantes. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Demografia Médica (CREMESP), de 2014, essa quantia é equivalente a 1,4 preso para cada médico no Brasil, cerca de 400 mil.
O pico do número de detentos suecos se deu em 2004, com 5.722. Em 2012, havia 4.852, e uma população de 9,5 milhões de habitantes. No mesmo ano, o Brasil contabilizou 550 mil detentos para 201 milhões de pessoas. Um país com 20 vezes mais habitantes e 100 vezes a população carcerária da Suécia.
Seguimos fechando mais escolas e construindo mais presídios. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), colhidos pelo Instituto Avante Brasil, entre 1994 e 2009, houve queda de 19,3% no número de escolas públicas, enquanto, no mesmo período, o número de presídios triplicou para 253%, desde 1994, quando havia 511 estabelecimentos carcerários no país. O Brasil continua um país sem prioridades e sem investimentos em setores que representam possibilidades de melhorias para a população
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