Gizella Rodrigues e Ana Maria Campos
Da equipe do Correio
Cadu Gomes/CB |
Segurança “Polícia não pode ser misturada com política” José Roberto Arruda, governador do Distrito Federal |
O eleito de Arruda para a Polícia Civil disputava a indicação com João Rodrigues, o atual diretor da corporação. Rodrigues é o preferido do deputado federal Laerte Bessa (PMDB). Eleito para a Câmara Federal em outubro, Bessa planejava fazer um sucessor na Polícia Civil, uma vez que Rodrigues havia sido seu adjunto durante oito anos em que esteve no comando do setor.
Alírio Neto e Cléber Monteiro também têm uma história em comum. Fizeram carreira de delegados juntos. Um dia antes da nomeação, na segunda-feira à noite, o presidente eleito da Câmara Legislativa esteve com Arruda para fazer lobby do colega, que já circulou pelas chefias de diversas delegacias do Distrito Federal e também esteve à frente do Departamento Circunscricional da corporação.
O contraponto veio de Bessa, que, apesar de na campanha ter mantido uma postura neutra, é um voto computado na base de apoio do governador pefelista. Os argumentos em favor de Rodrigues na véspera da escolha, no entanto, não convenceram o governador.
Apesar da expectativa em torno da indicação para a Polícia Civil, os protagonistas da solenidade de ontem em Taguatinga foram outros: o tenente-coronel Luiz Carlos Ribeiro da Silva e o deputado distrital Aylton Gomes (PMN). Ribeiro aguardava para ser confirmado como o responsável pela Defesa Civil quando o seu nome foi vetado em público pelo próprio governador Arruda. O distrital, por sua vez, foi convidado pelo chefe do Executivo a deixar a mesa onde as nomeações estavam sendo anunciadas.
Arruda terminava de discursar enfatizando que havia trabalhado com critérios técnicos na escolha dos integrantes das polícias quando Aylton Gomes chegou à solenidade. Atrasado, o distrital não acompanhou o raciocínio do governador e sentou-se em uma cadeira vazia ao lado do tenente-coronel Ribeiro. Nesse instante, o governador interrompeu a cerimônia de posse e pediu que Aylton se retirasse do lugar. “Eu queria lhe convidar para não ficar aqui. A coisa não é política. Polícia não pode ser misturada com política. A escolha não é política e eu não vou tergiversar sobre isso”, falou em tom alterado. “Opa”, disse Aylton, que deu um salto da cadeira, cumprimentou o governador e saiu pelos fundos.
Cerimonial
Em seguida Arruda, afirmou que estava revendo a indicação de Ribeiro para o cargo. “Vou tomar uma primeira decisão: o senhor não está convidado mais. Peço desculpas, mas depois nós trabalhamos a Defesa Civil”. Pouco mais tarde, no entanto, o governador foi informado que o convite para integrar a mesa teria sido uma sugestão do cerimonial. O governador então pediu desculpas e voltou atrás na decisão. Mas reforçou que o episódio servia para demonstrar a intolerância por misturar os assuntos partidários com as nomeações para a segurança. “Foi bom para que fique claro que mesmo sem intenção ninguém vai faturar pelas indicações.”
A chefia da Polícia Militar ficou para Antônio José Serra Freixo, que assumiu o primeiro comando da PM em meados da década de 1990. O último cargo do coronel Serra foi o de comandante do policiamento regional metropolitano. O Corpo de Bombeiros será chefiado por José Anício Barbosa Júnior. Ele integra o quadro da corporação desde 1980 e já atuou como diretor de finanças e ordenador de despesas dos bombeiros.
Os selecionados Polícia Militar
Antônio José Serra Freixo Assumiu o primeiro comando na PM em 1995 e desde então já foi comandante em oito áreas da Polícia Militar. A última função foi o comando do Policiamento Regional Metropolitano. |
Polícia Civil Cléber Monteiro Fernandes É corregedor geral da Polícia Civil. Delegado desde 1985, chefiou delegacias de polícia no Distrito Federal e o Departamento de Polícia Circunscricional. |
Siv-Solo e Siv-Água Djalma Lins e Silva Filho Há 28 anos na Polícia Militar, já comandou o Terceiro Batalhão, na Asa Norte, e também foi comandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cefap). |
Casa Militar Edson Soares Lima Foi diretor da Academia de Polícia e atualmente dirigia o Departamento de Apoio Logístico da Corporação. |
Corpo de Bombeiros José Anício Barbosa Júnior Bombeiro desde 1980. Já atuou como diretor de finanças e ordenador de despesas da corporação. Também foi chefe de gabinete e diretor de pessoal do Corpo de Bombeiros. |
Defesa Civil Luiz Carlos Ribeiro É comandante do 3º Batalhão de Incêndio do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. |
Mudança no Planejamento
Vários assessores foram nomeados nesta semana. Arruda tem definido aos poucos os nomes para o segundo e terceiro escalões. Ainda faltam 14 chefes das 15 gerências que o governador criou. O único anunciado até agora foi Agrício Braga (PFL), para cuidar das vilas olímpicas. O Diário Oficial desta semana também divulgou o nome de 27 administradores regionais interinos. Ele quer definir os titulares aos poucos, com base em critérios políticos. Deputados distritais da base aliada terão a prerrogativa de indicar aliados para esses cargos. Eleito para um mandato na Câmara Legislativa, Benedito Domingos (PP) é o único que pode se considerar confirmado no cargo de administrador de Taguatinga. (AMC) |
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