Marcello Casal/ABr
Numa tentativa de evitar que delegados e agentes da Polícia Federal entrem em greve, o governo decidiu oferecer-lhes um reajuste salarial em parcelas. A negociação será conduzida pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (foto), o mesmo que conduz, desde a última sexta-feira (27), os entendimentos com os controladores de vôo.
As entidades classistas da PF reivindicam um aumento de 30%. Alega que o reajuste fora prometido pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e deveria ter sido acrescido aos contracheques de dezembro do ano passado. Marcou-se para o próximo dia 11 de abril uma reunião de Paulo Bernardo com os sindicalistas da PF.
O problema é que, irritados com declarações feitas na semana passada pelo ministro do Planejamento, delegados e policiais ameaçam deflagrar manifestações em todo o país já nesta quarta-feira (4), antes mesmo da conversa com Paulo Bernardo.
A despeito da disposição de conceder um aumento parcelado, não há, por ora, nenhuma manifestação formal do governo quanto ao número de parcelas. Tampouco há o reconhecimento do compromisso de liberar os 30% exigidos pela PF. Algo que impacienta as entidades que representam o funcionalismo da PF.
Delegados e policiais realizaram no último dia no último dia 28 de março uma paralisação nacional de 24 horas. Foi uma advertência ao governo. Superior hierárquico da PF, o ministro Tarso Genro (Justiça) considerou o gesto “normal.”
“A avaliação que nós temos do movimento é de que foi normal. Não tem nenhuma postura provocativa. Foi um movimento como os policiais devem fazê-lo, com responsabilidade. A mobilização não atrapalha as negociações, pelo contrário, as consolida”, disse Tarso ao blog.
Acha que o movimento evoluirá para uma greve? “Sinceramente, não sei. Vai depender muito da proposta que o Planejamento apresentar. Da nossa parte, a orientação do presidente para as negociações é a de fazê-la de boa-fé, para que não ocorra greve”, disse Tarso.
O blog apurou que o diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, Paulo Lacerda, confirmou a autoridades do governo que Thomaz Bastos, o antecessor de Tarso Genro, prometeu mesmo o reajuste que Paulo Bernardo pôs em dúvida. A promessa era de que os funcionários da PF seriam aumentados em 60%. O aumento viria em duas parcelas. Liberou-se a primeira, de 30%. Mas a segunda, de percentual idêntico, não saiu.
Escrito por Josias de Souza às 02h01
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