Ministro diz que pacotes de incentivos, a serem anunciados a partir desta semana, reforçarão a retomada do crescimento
Em meio à guerra travada entre o governo e os servidores federais, que reivindicam aumento de até 56% no ano que vem — pleito que, se atendido, custará R$ 92,2 bilhões anuais aos cofres públicos —, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, prega o bom-senso.
Ele garante que o funcionalismo já foi agraciado com reajustes salariais expressivos no governo Lula e, na média, a maior parte das carreiras ganha mais do que trabalhadores da iniciativa privada que exercem funções semelhantes.
Na avaliação dele, com o país ainda sentindo os efeitos da grave crise internacional, o governo tem por obrigação estabelecer prioridades. E, neste momento, são os investimentos em infraestrutura.
Isso não quer dizer, no entender de Mantega, que o Palácio do Planalto deixará de contemplar categorias nas quais se identifiquem distorções salariais, como é o caso dos professores universitários, que receberão aumento de até 45% nos próximos três anos.
Ele ressalta, também, que não há nenhuma discriminação da presidente Dilma Rousseff em relação ao funcionalismo. Tanto que ela concedeu, neste ano, reajuste de 4,5% a boa parte dos servidores, mesmo com todas as restrições orçamentárias.
Para o ministro, a hora é de focar na retomada do crescimento econômico, que trará benefícios a todos, não apenas a um grupo específico.
E os servidores? Como o governo resistirá às fortes pressões por aumentos de salários?
É preciso que todos entendam que há limitações orçamentárias e a prioridade do governo neste momento é incentivar os investimentos produtivos. Mas isso não quer dizer que não daremos aumentos.
Foi feita uma proposta (de correção de até 45%) aos professores de universidades federais, pois a educação é considerada prioritária pela presidente Dilma. Vamos olhar outras carreiras. Mas é importante deixar claro que, na média, o funcionalismo tem salários muito maiores do que os pagos na iniciativa privada.
A maior queixa dos servidores é de que a residente Dilma lhes dispensa um tratamento diferente do dado pelo ex-presidente Lula. Realmente, há diferenças entre os dois governos em relação ao funcionalismo?
Não vejo grandes diferenças. É preciso olhar para trás e ver o que ocorreu. Em 2003, como ministro do Planejamento do recém-empossado governo Lula, tive que fazer um grande ajuste fiscal. Promovemos um corte expressivo nos gastos, entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões.
Com isso, conseguimos dar reajuste de apenas R$ 60 para cada um dos servidores, o que provocou grande gritaria. Em 2004, também o aumento para ao funcionalismo foi pequeno.
De 2006 para cá, com a economia crescendo mais, assim como a arrecadação, foi possível conciliar três coisas: dar bons reajustes aos servidores, ampliar os investimentos e fazer um sólido ajuste fiscal, que derrubou a dívida pública.
Esse é o modelo ideal. Agora, não vivemos o mesmo quadro. Portanto, temos de definir prioridades. Não se pode esquecer, ainda, que a presidente Dilma deu reajuste de 4,5% a boa parte do funcionalismo. Isso precisa ficar claro.
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